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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Em reunião com Salles, UE critica postura do Brasil em meio ambiente

Vice-presidente Hamilton Mourão conversa com ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura) durante viagem à Amazônia  - Reprodução
Vice-presidente Hamilton Mourão conversa com ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura) durante viagem à Amazônia Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

14/04/2021 10h19

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A Comissão Europeia critica a postura do Brasil em meio ambiente e, numa reunião nesta quarta-feira entre ministros dos dois lados do Atlântico, alertou que a estratégia ambiental do governo de Jair Bolsonaro não vai na direção esperada pela comunidade internacional.

No encontro, que contou com os ministros Ricardo Salles e Carlos França, o comissário da UE para Meio Ambiente, Virginijus Sinkevicius, deixou claro que o Brasil é um "parceiro estratégico". Mas cobrou novas medidas por parte de Brasília. "A UE e a comunidade internacional esperam que o Brasil mostre mais ambição, tanto na questão do clima como em biodiversidade, recriando confiança", declarou a UE.

Segundo o comissário do bloco europeu, o Brasil era "um dos países mais ambiciosos" em termos de redução de CO2. Mas, em seu último compromisso apresentado às Nações Unidas em dezembro de 2020, frustrou os parceiros. "Essa ambição não se repetiu e foi uma oportunidade perdida", disse.

Para a UE, o gesto do Brasil "mandou um sinal ruim" para o mundo. Na avaliação das autoridades em Bruxelas, o governo brasileiro precisa ser consistente e ainda ampliar suas medidas nacionais para fortalecer leis ambientais, regulamentações e monitoramento da situação das florestas.

"Esses são problemas que precisam ser lidados de forma urgente", disse a UE, em um recado direto aos ministros brasileiros. "O desmatamento precisa cair de forma importante", insistiu.

Salles rebate críticas e diz que Brasil aguarda por ajuda internacional

Salles, ao tomar a palavra, rebateu as críticas e indicou que a sociedade brasileira foi responsável por garantir a proteção da Amazônia em 84%. Segundo ele, enquanto os países ricos se industrializavam ao longo da história, o Brasil era uma economia agrícola e "não contribuiu para o acúmulo de gases na atmosfera".

"Ainda hoje, o Brasil representa menos 3% das emissões e da UE está próximo de 14%", disse.

Salles também insistiu que o país tem a lei ambiental "mais restritiva do planeta" e defendeu medidas que possam também lidar com sua população de 23 milhões de habitantes, entre elas a regularização fundiária.

Segundo ele, o Brasil está "disposto a agir". Mas insistiu que o apoio internacional até hoje não ocorreu, da forma que estava previsto pelo Acordo de Paris.

Salles insistiu que, entre 2006 e 2017, o Brasil conseguiu evitar a emissão equivalente a 7,8 bilhões de toneladas de gases. Se fossem remuneradas com base no mercado interno europeu, tais volumes representariam um valor de US$ 290 bilhões. "O Brasil recebeu próximo de US$ 1 bilhão. Isso mostra que há espaço para o apoio da UE", disse.

Defendendo o diálogo e tentando romper com o tom usado por Ernesto Araújo, o novo chanceler Carlos França disse que há urgência em lidar com mudanças climáticas. Mas reforçou o discurso de Salles de que, ao contrário do que foi prometido, países ricos não estão cumprindo o acordo de apoiar financeiramente as economias em desenvolvimento.