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Jamil Chade

REPORTAGEM

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OMS: Covid-19 matou até 3 vezes o que governos registraram e será endêmica

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

21/05/2021 04h32Atualizada em 21/05/2021 10h57

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Resumo da notícia

  • 6a maior causa de óbitos em 2020, covid-19 representou 3 milhões de mortes extras em comparação ao ano de 2019
  • Nas Américas, mortes em 2020 foram 60% superiores às taxas oficiais
  • Agência estima que entre 6 milhões e 8 milhões de pessoas podem ter morrido por conta da pandemia, de forma direta ou indireta

Os números reais das mortes causadas pela pandemia da covid-19 são até três vezes os registros oficiais feitos pelos países e poderiam somar entre 6 milhões e 8 milhões de óbitos em todo o mundo. A avaliação foi publicada nesta sexta-feira pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

A diferença entre os números oficiais e as estimativas ocorre por vários motivos. A agência mundial da saúde aponta que a pandemia causou mortes indiretas por falta de acesso à saúde, aumento do suicídio e pela crise social. Além disso, existem amplas evidências de pessoas que morreram e que nunca foram testadas.

O resultado desse cenário, segundo a OMS, é que a real taxa de óbitos por conta da pandemia poderia ser entre duas e três vezes os dados oficiais de pessoas contabilizadas, que hoje é de 3,2 milhões. "Covid-19 é apenas uma fração da história", afirmou William Msemburi, que comanda o levantamento.

Samira Asma, representante da OMS, confirmou a conclusão do levantamento. "Estimamos que o número real de mortes seja de duas a três vezes maior que os dados oficiais", disse.

De acordo com a OMS, hoje os números oficiais apontam para 153 milhões de pessoas contaminadas além das 3,2 milhões de mortes. A covid-19 ainda entrou para a lista das principais responsáveis por óbitos no mundo, ocupando hoje a sexta posição. A liderança no ranking continua sendo de doenças cardíacas.

Mas a covid-19, mesmo contando apenas os números oficiais, já matou mais que diabete, câncer do pulmão e Alzheimer.

Em termos regionais, o continente que somou o maior número de mortes em excesso em 2020 foi o hemisfério americano, com 1,4 milhão de óbitos extras em comparação ao ano de 2019.

Mas os números oficiais apontam para apenas 860 mil casos de mortes oficialmente registrados. A taxa real, portanto, seria 60% superior.

Na Europa, os dados oficiais apontam para 590 mil mortes em 2020. Mas a OMS estima que a taxa chegue a 1,2 milhão. "O real impacto da pandemia na Europa é duas vezes maior", estima a agência.

Apenas sobre o ano de 2020, a OMS revela que, no total, o mundo somou 3 milhões de mortes extras por conta do novo coronavírus em comparação ao ano de 2019. Isso representa uma taxa superior ao total até agora oficialmente identificado de 1,8 milhão de mortes no ano passado pela doença. As estimativas apenas para o ano de 2020 apontam que pelo menos outras 1,2 milhão de mortes diretas ou indiretas não foram computadas.

Para 2021, essa tendência poderia ter sido aprofundada ainda mais diante do impacto da crise sanitária.

Doença endêmica

Em um outro alerta, 26 dos maiores especialistas do mundo apontam que existem indicadores claros de que a covid-19 se transformará em uma doença endêmica no planeta, o que exigirá um controle permanente por meio de vacinas e outras medidas.

A constatação faz parte de um informe encomendado pelo G-20 que, nesta sexta-feira, promove uma cúpula para lidar com a crise, em Roma.