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Pontes sugere vacinar Bolsonaro para convencer quem resistir à imunização
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Resumo da notícia
- Ministro da Ciência diz que aplicação de dose no presidente poderia servir em fase final de imunização, para convencer quem resistir
- Bolsonaro ainda não tomou nenhuma dose da vacina e mandou mensagens contraditórias sobre a imunização
O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, sugeriu que a vacinação do presidente Jair Bolsonaro seja usada para incentivar aquela parcela da população que ainda demonstre alguma resistência contra a imunização. Isso, segundo ele, numa etapa seguinte da campanha de vacinação contra a covid-19, quando o imunizante já estiver à disposição de grande parte da população brasileira.
Pontes se reuniu em Genebra, na Suíça, com a cúpula da OMS (Organização Mundial da Saúde) para mostrar o desenvolvimento de vacinas, diagnósticos e tratamentos no Brasil. De férias, o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, não esteve com o representante do governo de Jair Bolsonaro.
Mas a aproximação de Pontes com a OMS ocorre num momento em que a CPI da Covid denuncia o governo pela promoção de tratamentos sem comprovação científica. A Comissão Parlamentar de Inquérito decidiu sugerir o indiciamento do presidente por charlatanismo.
O negacionismo do governo brasileiro diante da pandemia também contribuiu para uma deterioração da imagem internacional do país nos últimos meses, enquanto os frequentes ataques do presidente contra vacinas chinesas foram criticados por especialistas como gestos que não contribuem para criar uma confiança na população sobre a segurança das doses.
Segundo Pontes, 184 milhões de doses já foram distribuídas no Brasil e o país precisa começar a pensar nessa próxima fase, na qual havia um volume suficiente de doses para chegar a quase todos no país.
Nessa etapa, tanto nos EUA como na Europa, um dos desafios foi convencer parcelas da população que resistem às vacinas. O governo americano chega a pagar US$ 100,00 para quem se vacinar, na esperança de convencer os mais céticos. Na França, o governo exige comprovante de vacina para que a população tenha acesso aos restaurantes ou salas de ginástica.
"Considerando o fato de que o presidente ainda não foi vacinado, podemos usar isso de forma positiva para auxiliar na campanha desse restante (da população), para que possamos evitar no Brasil que exista essa estagnação", defendeu Pontes.
"Já que ele não foi vacinado até agora, quem sabe ele não pode ser vacinado e diga: gente, vamos completar a vacinação e é importante que todos sigam esse exemplo", sugeriu. "Acho que da para guardar essa último recurso para o final", completou.
Silêncio sobre a cloroquina
Apesar de martelar no papel central da ciência, Pontes preferiu não comentar sobre a cloroquina e nem sobre a insistência do governo em vender a ideia do produto como uma solução.
Ele se limitou a dizer que o produto não entrou na fase de testes de seu ministério. "A cloroquina não entrou", disse. Segundo ele, 2 mil remédios foram avaliados e apenas cinco foram selecionadas para testes em laboratórios.
Nesta semana, a OMS ainda anunciou formalmente a decisão de aprofundar os estudos mundiais com três remédiosque potencialmente poderiam ser usados para pacientes graves e afetados pela covid-19.
Mas, segundo Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, cloroquina, remdesivir, lopinavire interferon mostraram "pouco ou nenhum efeito em pacientes hospitalizados". Já em outubro do ano passado esses remédios foram retirados dos testes.
No Brasil, o governo mobilizou sua diplomacia e parte do Estado na busca, compra e distribuição da cloroquina.
Exportação da vacina ao final de 2022
Pontes acredita ainda que, até o final de 2022, o Brasil pode começar a exportar vacinas produzidas no país, principalmente para os países da América Latina. Segundo ele, 15 linhas de pesquisas foram lançadas e algumas delas começarão a entrar na fase de testes clínicos.
Quer usar a estrutura da OMS para testar a nitazoxanida, conhecido como Annita, na dimensão internacional. "Queremos usar a rede internacional para testar esse produto", afirmou o ministro.
No início do ano, o Ministério da Saúde informou em carta a deputados que decidiu não incluir o produto na lista de remédios distribuídos para o tratamento da covid-19 na rede pública de saúde.
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