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Diante de violência contra Yanomami, deputada indígena recorre à ONU
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A violência contra crianças e mulheres do povo indígena Yanomami, em Roraima, levou a deputada federal Joenia Wapichana (REDE), a recorrer à ONU. O pedido é para que a entidade trate da crise e cobre respostas por parte do governo.
Num encontro realizado em Brasília com o escritório das Nações Unidas, a deputada submeteu um documento baseado em denúncias feitas pela Hutukara Associação Yanomami sobre os constantes ataques ao povo Yanomami, e a iminência de um novo massacre em seu território.
Joenia é a única parlamentar indígena brasileira eleita para o Congresso Nacional e detentora do prêmio de Direitos Humanos da ONU em 2018.
Nos últimos meses, a violência contra os povos indígenas no Brasil passou a fazer parte das considerações mais urgentes da ONU. Cartas foram enviadas por relatores da entidade ao governo brasileiro cobrando respostas e ações, enquanto denúncias contra o Brasil se acumulam no Conselho de Direitos Humanos e mesmo no Tribunal Penal Internacional, por parte de ativistas e representantes de povos tradicionais.
"A situação do povo indígena Yanomami no Brasil se agravou enormemente no último ano. Aos obstáculos e negativas de acesso à saúde, agravados durante a pandemia de Covid, se soma a presença violenta de invasores fortemente armados em suas terras, como manifestado pelos Procedimentos Especiais das Nações Unidas em junho de 2021", afirma a petição entregue às Nações Unidas.
Segundo o documento, a comunidade Palimiú, localizada às margens do rio Uraricoera, é o "epicentro recente desses ataques, onde já ocorreram disparos de armas de fogo e uso de gás lacrimogêneo contra os povos Yanomami por parte dos garimpeiros".
"Desde abril, a Hutukara vem alertando o Estado brasileiro para a escalada da violência na região de Palimiú", declarou.
Na solicitação, a deputada ainda destaca a extrema vulnerabilidade enfrentada pelas crianças e mulheres Yanomami expostas nos pontos de garimpo ao terem sua comunidade sob constante tensão diante dos ataques frequentes que começaram no dia 27 de abril.
"Em relação especificamente às mulheres e meninas, são constantes as queixas de assédios, sequestros e tentativas de tráfico delas pelos garimpeiros. Em dezembro, o rapto de um grupo de mulheres em Surucucus foi o estopim de um conflito sangrento entre garimpeiros e indígenas", diz.
O documento relata ainda que as comunidades vêm sendo afetadas pela insegurança alimentar, quando a ação dos garimpeiros prejudica a manutenção das roças e a disponibilidade da caça e da pesca.
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