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Nobel da Paz pode ampliar constrangimento internacional de Bolsonaro
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Resumo da notícia
- Apostas para o Nobel incluem Greta, indígenas, jornalistas e OMS
- Premiação será anunciada na sexta-feira
O Prêmio Nobel da Paz será anunciado nesta próxima sexta-feira, com o clima, pandemia e a liberdade de expressão entre as principais apostas. Com um forte significado político, a homenagem poderia representar uma saia justa para o governo de Jair Bolsonaro em áreas nas quais ele é visto no exterior como um negacionista ou mesmo uma ameaça.
No total, os organizadores do prêmio receberam 329 nomeações, das quais 95 se referem a instituições. Os cinco membros do Comitê do Nobel, porém, podem escolher a partir de outras referências e mesmo por iniciativa própria, o que tem ocorrido nos últimos anos. Pelas regras do prêmio, apenas pessoas em vida podem ser homenageadas.
Um dos cenários aponta para a possibilidade de que o prêmio faça alguma referência à pandemia de covid-19. A OMS (Organização Mundial da Saúde) é uma das citadas, ainda que ela esteja sob duros ataques por parte de diferentes governos e mesmo da sociedade civil. Mas um prêmio mandaria uma mensagem internacional sobre a importância de se projetar uma solução global para a pandemia e rebater governos, como o do Brasil, que optaram por rejeitar essa estratégia.
Uma segunda opção seria destinar o prêmio para a Gavi, entidade que administra a Covax Facility, iniciativa criada para distribuir vacinas aos países mais pobres. Apesar de o mundo já caminhar para 11 bilhões de doses de imunizantes fabricados até o final do ano, a disparidade na distribuição é profunda e revelou um fracasso de uma resposta global.
O Brasil hesitou em fazer parte da Covax e, quando acabou aderindo, comprou o menor número de vacinas possível.
O prêmio, neste caso, seria interpretado como um chamado para que se garanta que doses sejam distribuídas, principalmente na África e países pobres.
Greta e indígenas
Uma das cotadas é Greta Thunberg, a ativista que assumiu um papel de protagonista na mobilização da juventude para pressionar governos a adotar políticas climáticas ambiciosas.
O prêmio serviria para aumentar a pressão sobre governos que, no final do mês, se reúnem em Glasgow para o que está sendo chamado de a "cúpula da última chance". O temor, porém, é de que não haja um acordo ou que os compromissos sejam insuficientes para lidar com a realidade ambiental.
Uma vez mais, o Brasil está no centro das atenções, diante do desmatamento recorde e da resistência de Bolsonaro em admitir a dimensão da ameaça climática.
Outro cenário é de que Greta divida o prêmio com lideranças indígenas. O brasileiro Raoní havia sido uma aposta para o ano passado. Mas não levou.
Mas ele não seria o único e outras lideranças também poderiam entrar no foco. A coluna apurou que o governo brasileiro já está mobilizado para uma eventual vitória de indígenas. Na prática, seria um duro recado contra as políticas de Bolsonaro e um atestado de que sua estratégia de usar a "soberania" como argumento para se defender não teve resultado.
Para diplomatas, o prêmio a Raoni neste momento seria considerado como uma dura derrota do governo no palco internacional e colocaria Bolsonaro em uma saia justa. Se felicitar Raoni ou qualquer outro indígena, o Planalto estará aceitando que a causa tem legitimidade. Se o rejeitar, entrará na lista de regimes pouco democráticos que denunciaram o prêmio Nobel como sendo uma manipulação política.
Questões indígenas e ambientais tem sido dois dos maiores problemas da imagem do governo Bolsonaro no exterior. Ao longo dos últimos meses, diversos líderes indígenas e ativistas de direitos humanos têm optado por usar o palco internacional para denunciar as políticas do atual governo.
Desinformação e liberdade de expressão
Entre as apostas, outra é a de que os organizadores do Nobel usem o prêmio para reforçar o combate contra a desinformação. Uma vez mais, o recado seria destinado a governos que usam a mentira como instrumento de política.
O debate sobre a desinformação passou a dominar o cenário internacional, com temores sobre o impacto sobre a sobrevivência da democracia. Uma das entidades nomeadas é a Repórteres Sem Fronteiras, além do Comitê para a Proteção de Jornalistas.
Mas a dissidente Sviatlana Tsikhanouskaya, de Belarus, na Europa, é outra concorrente, por sua atuação contra a repressão do presidente Alexander Lukashenko.
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