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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Com futuro chanceler da Alemanha, Lula fala de clima e Amazônia

Lula e chanceler alemão eleito, Olaf Scholz - Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Lula e chanceler alemão eleito, Olaf Scholz Imagem: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Colunista do UOL

14/11/2021 11h33

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Enquanto o mundo costurava um acordo frustrante em Glasgow, a crise ambiental e a situação da Amazônia também estiveram na agenda da reunião entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Olaf Scholz, o futuro chanceler da Alemanha e vencedor das eleições no país europeu.

No sábado, Lula esteve em Berlim e, por mais de uma hora, se reuniu com o político alemão. Scholz acabava de negociar o fim de uma greve de fome de jovens por mais compromisso da Alemanha contra as mudanças climáticas.

O político alemão havia sido ignorado por Jair Bolsonaro quando, no G20 no final de outubro, o presidente brasileiro participou de uma conversa informal com outros líderes. Scholz, instantes depois, virou as costas para o presidente brasileiro e puxou conversa com outros líderes, como Narendra Modi, Boris Johnson e Justin Trudeau.

O alemão venceu as eleições em seu país, mas não conseguiu maioria para governar. Agora, ele negocia com os partidos Verde e Liberal para formar o novo governo alemão.

Em Berlim, Lula e Scholz debateram como conciliar desenvolvimento econômico, cooperação internacional e preservação ambiental. Durante o encontro, o brasileiro falou da importância de que os países desenvolvidos, que poluem mais hoje e poluem há mais tempo, assumam compromissos proporcionais na preservação ambiental.

O tema foi um dos centrais na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26), que terminou este fim de semana. Mas, apesar da pressão dos países emergentes, não houve acordo para assegurar que os países mais ricos façam contribuições mais significativas aos emergentes.

As fundações dos partidos SPD, de Scholz, e do PT, vão agora formar um grupo para cooperação e elaboração de políticas públicas em desenvolvimento sustentável, energias renováveis, novas tecnologias e geração de empregos na era digital.

No encontro com Scholz, Lula também lembrou de como o Fundo Amazônia, criado nos governos do PT com gestão brasileira e fundos da Noruega e Alemanha, foi um "bom exemplo". Nas primeiras semanas do governo Bolsonaro, o Brasil decretou uma ruptura com o fundo.

A coluna apurou, em Glasgow, que Lula chegou a ser convidado por diferentes organizações para que estivesse na COP26. Barack Obama foi um dos palestrantes, além de outros ex-presidentes.

Brasil e Europa

Outro tema da reunião de Lula e Scholz foi o estreitamento da relação entre a União Europeia e a América Latina. Na visão de ambos, essa aliança é importante para um mundo multipolar e que possa evitar uma nova Guerra Fria entre China e Estados Unidos.

A campanha de Scholz na eleição e sua vitória contra o partido Verde e o escolhido por Angela Merkel também foram debatidos.

Questionado por Lula, Scholz explicou que em uma sociedade dividida pela crise financeira, o desemprego causado pelas novas tecnologias e as bolhas de redes sociais, foi muito importante o foco da sua campanha no respeito aos trabalhadores, aos sindicatos, as minorias.

O alemão também destacou como sua vitória pode estar ligada à apresentação de propostas concretas, como recuperação do salário mínimo e aposentadorias e moradia popular.

Lula comentou com Scholz que ele lhe lembrava políticos mineiros, pela tranquilidade e jeito conciliador "Ele parece o Tancredo Neves". comentou na saída da reunião.

Nesta segunda-feira, o ex-presidente estará em Bruxelas para reuniões com deputados europeus.