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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Acusado de transformar viagem em campanha, Bolsonaro vai para Orlando

Estevam Costa/Divulgação
Imagem: Estevam Costa/Divulgação

Colunista do UOL

03/06/2022 20h24

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O presidente Jair Bolsonaro decidiu incluir a cidade de Orlando em sua rota de viagem aos Estados Unidos, na próxima semana. O Itamaraty informou que o brasileiro estará na cidade da Flórida para inaugurar um vice-consulado. A ida aos EUA tem como objetivo oficial a participação do presidente na Cúpula das Américas. Mas, dentro da própria chancelaria, a escolha feita pelo Palácio do Planalto para que uma etapa ocorresse em Orlando foi recebida com questionamento.

O evento organizado por Joe Biden fica do outro lado do território dos EUA, em Los Angeles - mais de 3,5 mil quilômetros de distância.

Bolsonaro planeja fazer sua parada em Orlando, sede da Disney e de outros parques de atração, entre os dias 10 e 11 de junho. Ainda que não tenha sido informado oficialmente pelo governo, a escala do presidente pela cidade coincide com um evento que vai contar com porta-vozes do bolsonarismo e aliados, entre eles o deputado Daniel Silveira, Allan dos Santos, Roberto Jefferson e pastores.

A cidade tem uma importante concentração de brasileiros residentes e ainda é um dos principais destinos de turistas do país. Para que fossem atendidos, os brasileiros eram obrigados a viajar até Miami, onde fica o consulado do país.

Em janeiro, porém, o Itamaraty criou um vice-consulado em Orlando, além de outros escritórios com a mesma característica em outras três cidades pelo mundo. Se o gesto era considerado como adequado e atendia uma demanda de mais de uma década, funcionários do alto escalão da chancelaria insistem que não existia qualquer obrigação de uma visita presidencial para que a representação comece a funcionar.

Diplomatas brasileiros, de fato, afirmaram que não se lembram da última vez que um presidente se deslocou exclusivamente para uma cidade para abrir um vice-consulado. A parada, portanto, tem sido vista dentro da chancelaria como um ato de campanha eleitoral, num destino que faz parte do roteiro de muitos de seus apoiadores.

Em Miami, em 2018, Bolsonaro somou 91% dos votos nas eleições no segundo turno contra Fernando Haddad.