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Brasil vê com preocupação ambição da China para expandir Brics
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O governo brasileiro vê com preocupação as manobras e iniciativas da China para expandir o grupo dos Brics, formado hoje por alguns das maiores economias emergentes do mundo. O temor é de que Pequim queira usar o bloco para ampliar sua influência e estabelecer um polo paralelo de poder, em contraposição ao G7.
Nesta quinta-feira, os líderes do grupo se reúnem de maneira virtual e em meio a uma pressão internacional sem precedentes sobre o presidente Vladimir Putin. Mas um dos temas sob debate é a proposta da China de iniciar um processo de expansão do movimento hoje composto por Brasil, Rússia, África do Sul e Índia, além dos anfitriões chineses.
Oficialmente, o Itamaraty indica que está disposto a conversar sobre o tema. No mês passado, ao UOL, a chancelaria indicou que "o Brasil, assim como os demais parceiros do Brics, apoia iniciar processo de discussões sobre eventual expansão do grupo, conforme refletido no parágrafo 24 da recente Declaração Conjunta".
Na declaração de maio de 2022, ministros de Relações Exteriores dos cinco países indicaram que "apoiaram a realização de discussões entre os membros do Brics sobre o processo de expansão do Brics".
Mas o texto também diz que os ministros "ressaltaram a necessidade de esclarecer os princípios norteadores, as normas, os padrões, os critérios e os procedimentos para esse processo de expansão".
Segundo o Itamaraty, o Brasil apoia, igualmente, "a continuidade das atividades do Brics com parceiros não membros".
Mas, nos bastidores, embaixadores do mais alto escalão da chancelaria afirmam que existe um racha no bloco. Se os chineses querem ir adiante com a expansão e dar um tom político para o grupo, Brasil e Índia hesitam em tomar esse passo. Para o Itamaraty, a existência do Brics cumpre acima de tudo um objetivo econômico e comercial. Não por acaso, o governo coloca um peso significativo na ideia do fortalecimento do banco criado pelo bloco.
O que o Brasil não quer ver, porém, é uma recriação de um bloco de oposição às potências ocidentais. Para diplomatas brasileiros, isso seria o equivalente ao restabelecimento de um Movimento dos Países Não-Alinhados, uma iniciativa da Guerra Fria e que tentava fazer frente à logica do confronto bipolar. Mas, na prática, esvaziava a influência dos EUA no cenário internacional.
Estabelecido na primeira década do século 21, o Brics vivia um momento de indefinição, antes da guerra na Ucrânia. Mas a aliança entre Washington e Bruxelas, a escalada militar, o uso do sistema financeiro internacional como arma contra Moscou e uma tentativa clara de redesenhar as fronteiras da geopolítica mundial recolocaram o papel do grupo de países emergentes no centro do debate.
Numa reunião prévia à cúpula, ainda em maio entre os chanceleres do bloco, a sugestão de expansão foi oficialmente apresentada.
"A China se propõe a iniciar o processo de expansão dos Brics, explorar os critérios e procedimentos para a expansão e gradualmente formar um consenso", disse Wang Yi, ministro de Relações Exteriores da China.
Durante o encontro, Pequim convidou outros governos para uma segunda reunião, numa sinalização que está disposta a pensar em novos membros.
Na reunião preparatória foram convidados ao evento os chanceleres de Arábia Saudita, Argentina, Cazaquistão, Egito, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Nigéria, Senegal e Tailândia. O objetivo era "ampliar o diálogo com outros países e demonstrar a vocação do grupo para fortalecer o papel das economias emergentes na governança global".
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