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Jamil Chade

REPORTAGEM

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OMS: varíola dos macacos não é emergência global, mas países precisam agir

Partícula do vírus da varíola dos macacos; primeiro caso foi confirmado no Brasil - SCIENCE PHOTO LIBRARY
Partícula do vírus da varíola dos macacos; primeiro caso foi confirmado no Brasil Imagem: SCIENCE PHOTO LIBRARY

Colunista do UOL

25/06/2022 17h10

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A OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou que, neste estágio, a varíola dos macacos ainda não é uma emergência sanitária global. A decisão foi tomada neste sábado, depois de uma avaliação de especialistas diante da expansão da doença e do potencial risco de contaminação. Ainda assim, os cientistas pediram que governos intensifiquem as ações de monitoramento e que a OMS volte a se reunir nas próximas semanas. Para agência, será necessária uma "ação coletiva" para lidar com a nova crise.

O debate intenso entre os cientistas resultou em uma decisão que levou dias para ser concluída. Até hoje, cinco emergências foram declaradas pela instituição em pouco mais de dez anos e sinaliza a necessidade de que governos em todo o mundo tomem medidas para monitorar o surto e controle os casos.

Com mais de 3,2 mil casos em cerca de 50 países, a doença passou a ser monitorada pela OMS. No Brasil, o Ministério da Saúde informa que 17 casos foram identificados.

A declaração de uma emergência global teria como meta aumentar a coordenação entre os países e reforçar os mecanismos de busca ativa de casos e implementar medidas para ajudar a conter a circulação global do vírus.

A reunião do comitê de emergência da OMS ainda ocorreu em um ambiente de crescente preocupação com o aumento de casos registrados em áreas não endêmicas fora da África, especialmente na Europa, mas também nas Américas, com vários casos também relatados na Ásia e Oceania.

Um alerta sanitário internacional foi lançado pelo Reino Unido em meados de maio, e desde então os casos têm crescido neste país (793), assim como na Espanha (mais de 800), Alemanha (592), Portugal (317), França (277) ,Canadá (245), Holanda (167) e Estados Unidos (156), de acordo com os números disponíveis até quinta-feira, quando a reunião da OMS foi convocada.

Numa declaração, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que está "profundamente preocupado com a disseminação da varíola dos macacos, que já foi identificada em mais de 50 países, em cinco regiões da OMS, com 3.000 casos desde o início de maio".

Segundo ele, o Comitê de Emergência notou muitas incógnitas, lacunas nos dados atuais e preparou um relatório de consenso que reflete opiniões divergentes entre o comitê.

"Em geral, no relatório, eles me aconselharam que neste momento o evento não constitui uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional, que é o mais alto nível de alerta que a OMS pode emitir, mas reconheceram que a convocação do próprio comitê reflete a crescente preocupação com a propagação internacional da varíola dos macacos", disse Tedros.

Segundo ele, apesar da decisão, o surto é "claramente uma ameaça à saúde em evolução" que a OMS está "acompanhando de muito perto".

"Ela requer nossa atenção coletiva e ação coordenada agora para parar a propagação do vírus da varíola dos macacos usando medidas de saúde pública, incluindo vigilância, rastreamento de contatos, isolamento e cuidado de pacientes, e garantindo que ferramentas de saúde como vacinas e tratamentos estejam disponíveis para populações em risco e sejam compartilhadas de forma justa", disse.

Tedros e o Comitê indicaram que a varíola do macacos vem circulando em vários países africanos há décadas e tem sido negligenciada em termos de pesquisa, atenção e financiamento.

"O que torna o surto atual especialmente preocupante é a rápida e contínua disseminação em novos países e regiões e o risco de transmissão adicional e sustentada em populações vulneráveis, incluindo pessoas imunocomprometidas, mulheres grávidas e crianças", disse.

Para ele, governos, comunidades e indivíduos precisam considerar "as recomendações do comitê para uma vigilância reforçada, um melhor envolvimento da comunidade no diagnóstico e na comunicação dos riscos, e o uso apropriado de terapêuticas, vacinas e medidas de saúde pública, incluindo o rastreamento e isolamento dos contatos".

Pedindo que os países colaborem e compartilhem informações, a OMS fez um apelo para que governos e e fabricantes a trabalharem juntos para atingir as metas globais de saúde pública, "garantindo que as populações afetadas recebam contramedidas médicas para a varíola dos macacos e que estas sejam utilizadas através de pesquisas padronizadas e coleta de dados para avaliação adicional da eficácia clínica da terapêutica e avaliações da eficácia da vacina"