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Kiev espera que eleição no Brasil gere "mudança" na postura externa do país
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O governo da Ucrânia espera que a eleição no Brasil, em outubro, permita que uma "mudança positiva" ocorra na postura do país na guerra entre Kiev e Moscou e no cenário internacional. Em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira, em Genebra, a embaixadora da Ucrânia na ONU, Yevheniia Filipenko, ainda criticou os governos que fazem parte do Brics e que mantiveram e até ampliaram o comércio com a Rússia desde o início do conflito.
Nesta quarta-feira, a Ucrânia marca os 31 anos da independência do país, data que coincide com os seis meses da invasão liderada pela Rússia ao território ucraniano. Segundo a diplomata, durante este período, "milhares de pessoas perderam suas casas e milhões tiveram de deixar o país". "Continuamos a lutar e estamos mais confiantes do que nunca de uma vitória", declarou.
Segundo ela, a Rússia hoje ocupa 21% do território ucraniano, impondo autoridades na administração de cidades e regiões, além de recrutar soldados. A embaixadora também anunciou que Kiev irá denunciar na ONU o que ela chama de sequestro de centenas de crianças dessas áreas ocupadas e levadas para adoção na Rússia. "A Rússia é um estado terrorista e temos de esperar tudo deles", alertou. "De cada 20 mísseis lançados por Moscou, 19 atingem infraestrutura civil", disse.
A embaixadora, porém, deixou claro que espera que países pelo mundo assumam uma postura crítica contra Moscou, o que nem sempre tem sido o caso do governo de Jair Bolsonaro.
Citando a "boa relação de trabalho" que mantém com o Itamaraty, ela sugeriu que há espaço para uma mudança e uma postura mais clara por parte do Brasil. Questionada sobre qual seria a mensagem a um eventual novo governo no país, ela respondeu:
"Minha mensagem seria a de que continuemos a trabalhar juntos para defender a ordem internacional, o multilateralismo, e a Carta da ONU. Espero que a eleição no Brasil demonstre que povo brasileiro também apoia o povo ucraniano em nossa luta por liberdade, que ela traga uma mudança positiva e um papel positivo desse país no cenário internacional", disse, sem citar nenhum dos candidatos e nem o presidente Jair Bolsonaro.
Brics: fazer negócios com a Rússia é financiar a guerra
A diplomata ainda criticou governos que têm mantido relações comerciais com a Rússia. Apesar de sanções por parte dos EUA e Europa, Moscou continua a exportar aos parceiros do bloco de economias emergentes, no Brics. No caso brasileiro, os dados mostram que o país dobrou as importações de bens russos desde o início da guerra.
"O mundo todo deu uma resposta vocal contra a agressão da Rússia, nas resoluções aprovadas na ONU. Os países, inclusive os Brics, demonstraram que apoiam a lei e ordem. Espero que entendam que a neutralidade e ter negócios com um país que perpetua agressão irá financiar a máquina de guerra e vai incentivar novas agressões, não apenas desse país, mas também de outros pelo mundo", disse a embaixadora.
"Queremos trabalhar com todos os países do mundo para convencer que fazer negócios com a Rússia não é a coisa correta a fazer. Isolar a Rússia é o que vai fazer a guerra terminar mais cedo. Precisamos, portanto, agir juntos para que a Rússia pare essa agressão ilegal", defendeu.
"Minha mensagem aos países é de que, nessa situação, não há zona cinzenta. É preto ou branco. É tua escolha estar ao lado correto da história. Ou apoiar quem perpetua uma agressão brutal. Fazer negócios hoje com a Rússia é toxico. Pare de manter comércio com os agressores", pediu.
No Itamaraty, a orientação é de crítica contra as sanções impostas contra a Rússia. Para o governo brasileiro, tais medidas estariam também gerando uma crise mundial de alimentação e inflação.
Se nos primeiros dias da guerra o Brasil votou a favor de resoluções que denunciaram a Rússia, o governo mudou de postura e, em várias votações nos organismos internacionais, optou por uma abstenção.
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