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Chanceler do Chile: fala de Bolsonaro foi "gravíssima" e afeta relação
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O governo do Chile irá entregar ao embaixador do Brasil em Santiago uma nota de protesto, diante das falas do presidente Jair Bolsonaro, durante o debate entre os candidatos às eleições de outubro. No encontro, espera-se também que o representante do Itamaraty dê explicações sobre os comentários do chefe de estado do Brasil.
O UOL Notícias apurou que o diplomata brasileiro Paulo Pacheco não será recebido pela chanceler do país sul-americano. A função ficará ao secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores do país, que apresentará ao embaixador a queixa formal.
Durante o debate, Bolsonaro afirmou: "Lula apoiou o presidente do Chile também. O mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile?".
Em conversa com a reportagem, a chanceler de Boric, Antonia Urrejola, qualificou o ato de Bolsonaro como "gravíssimo" e parte de uma campanha de desinformação. Para ela, o que o presidente disse era "falso" e alertou que tal postura pode significar um constrangimento na relação entre duas das principais economias da América Latina.
Antes de assumir o cargo, a chanceler havia sido representante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e tecido duras críticas contra as políticas de Bolsonaro.
Horas antes de falar com o UOL, num evento público, ela já havia alertado que tal comportamento de Bolsonaro era uma ofensa não apenas ao presidente chileno, mas também ao povo do país sul-americano.
Informações obtidas pela reportagem confirmam que a nota que será entregue para Pacheco vai na mesma direção do comunicado de imprensa que Santiago divulgou, nesta tarde.
"O Governo do Chile considera que as declarações feitas contra o Presidente Gabriel Boric pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante um debate presidencial ontem, são inaceitáveis e não estão de acordo com o tratamento respeitoso devido aos chefes de Estado ou com as relações fraternas entre dois países latino-americanos", declarou.
"A utilização política da relação bilateral para fins eleitorais, baseada em mentiras, desinformações e deturpações, corrói não apenas os laços entre nossos países, mas também a democracia, prejudicando a confiança e afetando a irmandade entre os povos", afirma.
Santiago insistiu que, mesmo diante das diferenças, o governo de Boric optou por manter boas relações com Brasília.
"O Presidente Boric declarou publicamente as diferenças que o separam do Presidente Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, salientou a importância de manter boas relações entre os estados do Brasil e do Chile", disse.
"Além dessas infelizes declarações, o Governo do Chile expressa sua convicção de que nosso país e o Brasil não só têm uma história comum, mas também enormes desafios a enfrentar de forma colaborativa, razão pela qual espera continuar fortalecendo os laços permanentes de amizade e cooperação entre nossos países", completa a nota.
- Veja fala de Bolsonaro sobre o Chile durante as considerações do debate presidencial:
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