Topo

Jamil Chade

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

33 milhões de mulheres deixaram de escolher candidato na última eleição

urna eletrônica, votar, voto - iStock
urna eletrônica, votar, voto Imagem: iStock

Colunista do UOL

05/09/2022 12h26

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Consideradas como fundamentais para definir o vencedor das eleições de outubro, as mulheres têm uma baixa taxa de participação nas escolhas dos candidatos, no momento de votar. A constatação é de um levantamento feito pelo movimento Elas que Decidem, que concluiu que 33 milhões de mulheres não escolheram um nome para as urnas nas eleições presidenciais de 2018.

Em 2022 as mulheres serão 53% do eleitorado. São 8,6 milhões de eleitoras mulheres (um total de 79,2 milhões) a mais do que eleitores homens (70,6 milhões). De fato, 2022 também marca os 90 anos da conquista do voto feminino, que foi aprovado no código eleitoral de 1932.

Mesmo assim, a participação das mulheres nas eleições ainda enfrenta desafios relacionados com representatividade e com uma baixa participação das mulheres na escolha dos governantes.

Somando as abstenções à uma estimativa de votos brancos e nulos, a participação das mulheres na escolha de governos é significativamente menor do que a dos homens.

Segundo o levantamento, em 2018, 19,6% das mulheres se abstiveram, segundo os dados do TSE. Mas, cruzando os dados com informações do Datafolha, é possível estimar que 43,3% das eleitoras não escolheram um candidato naquelas eleições. No total, cerca de 33 milhões de eleitoras não compareceram às urnas, ou votaram branco e nulo.

Naquela eleição, as mulheres de 16 a 24 anos representavam cerca de 8,4% do eleitorado, de acordo com Datafolha. Eram 12,3 milhões de eleitoras, mas quase 27.9% delas não escolheu um candidato. Isso inclui aquelas que não foram votar, ou votaram branco e nulo.

Ainda segundo o Datafolha, mulheres de 25 a 34 anos representavam cerca de 11% do eleitorado em 2018, chegando a 16 milhões de eleitoras. Mas 36% delas não escolheu um candidato, ao somar aquelas que não foram votar, ou votaram branco e nulo.

Em termos regionais, as abstenções (TSE) e a estimativa de brancos e nulos (TSE + Datafolha) indicam que:

? Mulheres do Nordeste representavam cerca de 14,3% do eleitorado (2018, Datafolha), chegando a 20,9 milhões de eleitoras. Mas estima-se que pouco menos da metade delas, ou 46,4% não escolheu um candidato (não foram votar, ou votaram branco e nulo)

? Já as mulheres do Sudeste representavam cerca de 23% do eleitorado (2018, Datafolha), chegando a 33,8 milhões de eleitoras. Estima-se que 51,6% delas não escolheu um candidato (não foram votar, ou votaram branco e nulo).

Metodologia

O TSE não informa os perfis de votos brancos e nulos por gênero. Para se chegar ao número nesta reportagem, a metodologia de cálculo se baseou em dados do TSE e de intenção de votos do Datafolha em 2018, considerando como índice de não escolha de candidatos as declarações de votos brancos, nulos e indecisos.

Através da pesquisa Datafolha (Data do campo: 26 a 27/10/2018), foi calculado a variação do índice de não escolha de candidato (votos brancos, nulos e indecisos). Aplicou-se essa variação no percentual de abstenção nacional oficial do TSE para estimar o número de pessoas dentro de cada perfil que não escolheram candidatos em 2018.

No caso de mulheres do Sudeste e Nordeste, foi aplicada a variação no percentual de abstenção oficial das regiões divulgado pelo TSE para obter a estimativa do número de mulheres que não escolheram candidatos em 2018 nessas regiões.