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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Para não irritar Rússia, Bolsonaro se abstém em voto sobre Zelensky na ONU

24.set.2019 - Bolsonaro na ONU - REUTERS/Lucas Jackson
24.set.2019 - Bolsonaro na ONU Imagem: REUTERS/Lucas Jackson

Colunista do UOL

17/09/2022 12h12

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O Brasil se absteve em uma votação na ONU para definir se o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, poderia participar da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas por vídeoconferência. Em guerra e sob a invasão dos russos, o governo ucraniano tem optado por não deixar o país.

O presidente Jair Bolsonaro abre a reunião da ONU, na próxima terça-feira, numa reunião marcada pelo debate sobre a guerra e sobre os impactos internacionais do conflito. Procurado, o Itamaraty ainda não deu uma resposta sobre a opção pela abstenção. Mas fontes da chancelaria indicaram à reportagem que a decisão foi a de não gerar uma eventual irritação por parte dos russos. Moscou era contra a participação de Zelensky por formato virtual.

A participação do ucraniano foi aprovada por 101 votos a favor e apenas sete contra, entre eles a Rússia, Nicaragua, Cuba e Coreia do Norte. Além do Brasil, outros 18 países se abstiveram, entre eles a China - aliada de Moscou. Nem a Índia, que faz parte dos Brics e que passou a importar petróleo russo, seguiu no caminho de uma abstenção e votou favorável à participação de Zelensky.

Desde o início do conflito, o governo de Jair Bolsonaro tem adotado uma postura de não alinhamento às demandas da Ucrânia. Mesmo com a pressão de europeus e americanos, o Itamaraty fez questão de se abster em diversas outras resoluções que condenavam os ataques russos ou adotavam medidas contra o Kremlin.

O Brasil também tem insistido contra as sanções contra Moscou e alertado para o risco de uma ruptura dos canais de diálogo com o presidente Vladimir Putin. No campo comercial, as vendas dos russos ao mercado brasileiro dobraram desde que a guerra começou.

Apesar da postura do Itamaraty, não são poucos os representantes ucranianos que se queixam abertamente do Brasil e de sua aproximação ao posicionamento de Putin na guerra.