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Estrangeiros articulam reconhecimento de resultado das urnas no Brasil
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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) se prepara para seu discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira, governos de países democráticos começam a articular, nos bastidores, um reconhecimento praticamente imediato dos resultados das urnas no Brasil. Com detalhes mantidos em sigilo absoluto para não representar uma interferência na política doméstica brasileira, o gesto tem como objetivo blindar a democracia brasileira e evitar que o país entre em um limbo constitucional ou em uma ruptura de democrática.
A tática foi usada já na eleição americana, quando Donald Trump ameaçou deslegitimar o sistema eleitoral americano. De forma concertada, as principais capitais europeias e outras democracias ocidentais se apressaram para "felicitar" o vencedor Joe Biden e desejar que a relação entre seus países e o novo governo americano fosse aprofundada.
Em outras palavras: o reconhecimento de que a eleição foi justa, que um novo governo é legítimo e que a interlocução agora era com um novo chefe de Estado.
A operação para blindar Biden e a eleição americana envolveu até mesmo a ONU (Organização das Nações Unidas), que raramente se pronuncia sobre as eleições em um país até que todos os votos sejam finalizados em sua contagem, o que sempre pode levar alguns dias.
No caso americano, o secretário-geral da ONU, António Guterres, se apressou em enviar um telegrama de felicitação ao vencedor democrata e até a fazer declarações públicas. Quem fez questão de apenas ser um dos últimos a reconhecer a vitória de Biden foi justamente Bolsonaro que, por dias, repetiu a mentira de Trump sobre uma suposta fraude na eleição americana.
Conforme apurou a coluna, o mesmo está sendo articulado para ser realizado no caso do Brasil, principalmente diante das ameaças que Bolsonaro lança sobre o processo eleitoral, sobre as urnas e sobre seu apoio popular.
A articulação ganhou ainda força depois que Bolsonaro usou um encontro com embaixadores estrangeiros, em Brasília, para mentir sobre os riscos do sistema eleitoral no Brasil.
Contribuiu também para o processo o fato de que as principais entidades de direitos humanos no país se dedicaram nos últimos meses a visitar mais de uma dezena de embaixadas estrangeiras no país para pedir que haja um reconhecimento dos resultados das urnas assim que o processo seja concluído, justamente para fortalecer a ideia de que a democracia vingou.
Na semana passada, em Genebra, a mesma operação também foi realizada na ONU. "É fundamental que a comunidade internacional expresse seu apoio pela democracia brasileira e sua confiança no sistema eleitoral brasileiro, que vem sido alvo de ataques infundados acerca de sua confiabilidade como um pano de fundo para um ataque mais amplo à democracia no Brasil", disse Paulo Lugon, assessor internacional da Comissão Arns.
"Pedimos à comunidade internacional que as Nações Unidas e o Conselho de Direitos Humanos sejam espaços de defesa do sistema eleitoral brasileiro e da democracia no Brasil. Pedimos também que a comunidade internacional faça um apelo às autoridades brasileiras para que as eleições se deem em segurança e em respeito às instituições e que haja controle efetivo da circulação de armas neste período eleitoral", disse Camila Asano, diretora de programas da Conectas Direitos Humanos.
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