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Jamil Chade

REPORTAGEM

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ONU alerta que ataques russos poderiam constituir crimes de guerra

Cratera aberta em estrada em Dnipro, na Ucrânia - Reprodução/Twitter/Borys Filatov
Cratera aberta em estrada em Dnipro, na Ucrânia Imagem: Reprodução/Twitter/Borys Filatov

Colunista do UOL

11/10/2022 06h41

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Numa declaração emitida nesta manhã de terça-feira, em Genebra, a ONU alerta que a recente onda de ataques da Rússia contra cidades ucranianas poderia ter violado as leis da guerra e, portanto, ser considerada como "crimes de guerra" se ficar constatado que civis foram deliberadamente colocados como alvos da ofensiva.

Desde segunda-feira, governo russo tem ampliado os ataques contra as cidades na Ucrânia e, pela primeira vez desde junho, voltou a bombardear a capital Kiev. O Kremlin confirmou que tal gesto foi uma resposta à explosão que afetou a ponte entre a Crimeia e o território russo, no fim de semana.

Nesta noite, novos ataques foram registrados e a ofensa se repetiu por grande parte do território ucraniano. As autoridades de Kiev afirmaram que conseguiram interceptar dois mísseis que estariam indo para a capital. Mas no sudeste do país, pelo menos uma pessoa e feridos foram registrados nesta terça-feira.

Em Lviv, as autoridades anunciaram que uma parte da cidade voltou a ficar sem abastecimento de energia, depois de novos ataques contra a região.

De acordo com o governo ucraniano, pelo menos 19 pessoas morreram desde segunda-feira, além de mais de cem feridos. Kiev ainda aponta que mais de 80 mísseis foram disparados pelos russos contra o território ucraniano.

Na ONU, a porta-voz para Direitos Humanos da entidade, Ravina Shamdasani, ainda fala em "pelo menos 12 civis mortos e mais de 100 feridos em Kiev, Dnipro e Zaporizhzhia, e nas regiões de Kyiv e Sumy". "A localização e o momento dos ataques - quando as pessoas estavam indo para o trabalho e levando as crianças à escola - é particularmente chocante", disse.

"Estamos seriamente preocupados que alguns dos ataques pareçam ter visado infraestruturas civis críticas", afirmou.

"Muitos objetos civis, incluindo dezenas de edifícios residenciais e infraestrutura civil vital - incluindo pelo menos 12 instalações energéticas - foram danificados ou destruídos em oito regiões, indicando que estes ataques podem ter violado os princípios sobre a condução de hostilidades sob o direito humanitário internacional", alertou Ravina.

"Os danos às principais usinas e linhas elétricas antes do próximo inverno levantam outras preocupações para a proteção de civis e, em particular, o impacto sobre as populações vulneráveis", disse.

Segundo ela, ataques contra civis e objetos indispensáveis para a sobrevivência de civis são "proibidos sob o direito humanitário internacional". "Exortamos a Federação Russa a se abster de mais escaladas e a tomar todas as medidas viáveis para evitar vítimas civis e danos à infraestrutura civil", completou.

A terça-feira ainda será marcada por uma reunião de emergência entre os líderes do G7 e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. O ucraniano quer um compromisso de que as potências ocidentais fornecerão sistemas de baterias antiaéreas para que o país possa se defender.

Joe Biden, presidente americano, acenou que está disposto a ajudar Kiev. Mas entre diplomatas há o temor de que um maior envolvimento de americanos e europeus mergulharia a Otan num confronto direto com a Rússia.

Em Moscou, o governo insiste que as "metas foram atingidas" com os ataques dos últimos dois dias. Mas alertam que isso é só o início da resposta. "Esse é só o primeiro episódio. Outros seguirão", afirmou Dmitry Medvedev, ex-presidente russo. Já o presidente Emmanuel Macron, da França, estima que a ofensiva muda "profundamente" a conflito.

"O Kremlin escalou de novo sua agressão a um novo patamar", disse Ursula van der Leyen, presidente da Comissão Europeia. "Precisamos proteger nossa infraestrutura crítica", completou.