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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Em último suspiro e isolado, Brasil não condena embargo contra Cuba

Bolsonaro é alvo de projeção no prédio da ONU, em Nova York. Presidente é chamado de "vergonha brasileira", "mentiroso" e "desgraça" - Bolsonaro é alvo de projeção no prédio da ONU, em Nova York. Presidente é chamado de "vergonha brasileira", "mentiroso" e "desgraça"
Bolsonaro é alvo de projeção no prédio da ONU, em Nova York. Presidente é chamado de "vergonha brasileira", "mentiroso" e "desgraça" Imagem: Bolsonaro é alvo de projeção no prédio da ONU, em Nova York. Presidente é chamado de "vergonha brasileira", "mentiroso" e "desgraça"

Colunista do UOL

03/11/2022 19h43Atualizada em 03/11/2022 21h56

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Resumo da notícia

  • 185 países votam na ONU contra medidas da Casa Branca
  • Apenas dois governos optam pela abstenção: Brasil e Ucrânia

Num dos últimos suspiros da diplomacia de Jair Bolsonaro, o governo brasileiro votou em abstenção nesta quinta-feira quando uma resolução foi considerada na ONU para condenar o embargo norte-americano contra Cuba. O texto foi aprovado por 185 países e marcou o 30º ano consecutivo que uma resolução é aprovada contra as medidas da Casa Branca contra Havana.

Apenas dois governos votaram em abstenção: Brasil e Ucrânia, país hoje sob completa influência dos EUA e que defende sanções contra a Rússia. Outros dois países votam contra a resolução: EUA e seu aliado Israel.

Todos os demais governos do mundo - de esquerda ou direita - votaram contra o bloqueio americano contra a ilha e que já dura décadas. Até aliados de Bolsonaro, como Hungria, Polônia ou Arábia Saudita, votaram contra o embargo. O governo italiano sob o comando da extrema direita também votou contra as ações americanas contra a ilha.

Se o Brasil tradicionalmente votou contra o embargo, a orientação da diplomacia brasileira mudou com a chegada de Bolsonaro no poder. Brasília passou a se alinhar completamente ao posicionamento de Donald Trump. Em 2019, por exemplo, o Brasil foi um dos três países a votar contra a resolução.

Com a queda do governo americano, o Itamaraty tomou uma certa distância em alguns temas. Mas manteve a recusa em ceder quando o tema é Cuba e passou a se abster.

Para 2023, a previsão de diplomatas latino-americanos é de que a diplomacia brasileira passará por uma profunda transformação em seus padrões de voto na ONU, retomando a linha tradicional do Itamaraty e se aproximando de posturas como a da União Europeia ou da América Latina ao tratar a ilha no Caribe.

O embargo foi imposto em 1960, depois da revolução liderada por Fidel Castro em Cuba e que nacionalizou ativos americanos. Em 2016, Barack Obama restabeleceu relações oficiais com Havana e, naquele ano, a Casa Branca se absteve no voto na ONU. Mas a chegada de Trump no poder desfez toda a aproximação.

Agora, enfrentando eleições, Biden repetiu o voto de Trump.

Antes do voto, o Ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, disse que, desde 2019, o governo dos Estados Unidos "escalou o cerco em nosso país, levando-o a uma dimensão ainda mais cruel e humana, com o propósito de infligir deliberadamente o maior dano possível às famílias cubanas".

Durante os primeiros 14 meses da administração Biden, o prejuízo para a economia cubana foi estimado em US$ 6,35 bilhões.