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Bolsonaro e Putin ficam de fora da cúpula do G20
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O presidente Jair Bolsonaro não irá para a cúpula do G20, marcada para ocorrer na próxima semana na Indonesia. O gesto é inédito entre os presidentes brasileiros e marca um fim melancólico de seu governo.
O encontro tem em sua agenda alguns dos principais temas internacionais, num grupo considerado como o diretório do planeta.
Além de Bolsonaro, a única ausência confirmada é a de Vladimir Putin, presidente da Rússia, e que seria alvo de duros constrangimentos se optasse por fazer a viagem até Bali. Há ainda a possibilidade de que o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, não participe.
Sem fotos. O racha na comunidade internacional é de tal dimensão que a tradicional "foto de família" não será realizada neste ano.
Os presidentes dos países ocidentais alertaram que não iriam perfilar para a foto se algum representante russo estivesse em Bali. Na ausência de Putin, quem o representará será o chanceler Sergey Lavrov, que insiste que vai e quer sair numa eventual foto oficial.
Quem vai representar o governo brasileiro? No caso do Brasil, está confirmada a presença do chanceler Carlos França. Fontes no alto comando da diplomacia nacional informaram ao UOL Notícias que Bolsonaro não iria. Ainda que algumas das principais vozes entre seus assistentes tenham tentado convencê-lo da importância da participação institucional da presidência. Mas Bolsonaro optou mesmo por se ausentar.
Pesou ainda o fato de que o presidente se deu conta de que nenhum outro governo desejava manter reuniões com ele e que o foco da comunidade internacional é mesmo com a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nenhuma reunião bilateral havia sido agendada para ele.
O que representa a ausência de Bolsonaro? Confirmada sua decisão de não viajar, diplomatas estrangeiros apontam que a ausência sedimenta a irrelevância internacional de Bolsonaro e seria um "réquiem" de um governo que apequenou o Brasil no mundo.
Mesmo dentro do Itamaraty, sua ausência é um sinal de que ele não entendeu o cargo que assumiu em 2019 e que a presença de um presidente do Brasil na cúpula não tem relação com o resultado das eleições.
Para diplomatas estrangeiros, a ausência de Bolsonaro é uma mistura de alívio e de "pena" diante do colapso de uma política externa de um país que servia de referência ao mundo.
Já em 2021, na cúpula do G20 em Roma, Bolsonaro viveu uma situação de pária internacional, ignorado pelos demais líderes e com uma agenda completamente esvaziada. Mais recentemente, em Nova York, ele voltou a ver sua passagem pela Assembleia Geral das Nações Unidas marcada por uma ausência de encontros de alto escalão e chegou a faltar na reunião que teria com Antonio Guterres, secretário-geral da entidade.
Outras ausências. Até agora, Bolsonaro tampouco está confirmada sua participação na Cúpula do Mercosul, marcada para ocorrer no Uruguai em três semanas. O bloco jamais foi sua prioridade e a ausência política do Brasil nos últimos quatro anos contribuiu para enfraquecer os projetos de integração.
Ficou ainda sem resposta o convite feito pelo Catar para que o presidente brasileiro esteja na Copa do Mundo, que ocorre a partir do final do mês. É tradição que o chefe de estado do país que eventualmente chegue à final esteja presente no jogo. No caso de Bolsonaro, essa final ocorreria poucos dias antes do final de seu mandato
Na ONU, na próxima segunda-feira, uma sabatina que estava sendo planejada há meses para ocorrer com o governo de Jair Bolsonaro para avaliar suas políticas de direitos humanos promete se transformar em uma avalanche de denúncias contra a gestão que assumiu o poder em 2019 e que, em quatro anos, desmontou uma parcela importante das estruturas que defendem direitos fundamentais no país.
Para diplomatas brasileiros, o fim do governo Bolsonaro está sendo acompanhado no exterior com um sentimento de alívio e revanche. Mas, acima de tudo, com a percepção de que a comunidade internacional tem saudades do Brasil.
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