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Anielle vai propor a Biden ação antirracista ignorada por Bolsonaro e Trump
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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai propor a retomada dos mecanismos entre EUA e Brasil para combater o racismo e a desigualdade, iniciativas assinadas entre os dois países há mais de uma década e que, nos governos de Jair Bolsonaro e Donald Trump, foram enterradas.
Em entrevista ao UOL, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que a prioridade de sua ida com Lula ao encontro com Joe Biden, nesta sexta-feira, será a de retomar o Plano de Ação conjunto EUA-Brasil para eliminar a discriminação racial e étnica e promover a igualdade.
A iniciativa foi assinada em março de 2008 e foi o primeiro acordo bilateral que visa o combate ao racismo. "Esta iniciativa aproveita a experiência política inter-agências em ambos os países, em uma parceria única com a sociedade civil e comitês do setor privado, para tratar de disparidades raciais na saúde, justiça ambiental, acesso à educação, igualdade de acesso às oportunidades econômicas e igualdade de acesso ao sistema de justiça", aponta sua descrição.
No texto, a iniciativa "reconhece que o Brasil e os Estados Unidos são democracias multi-étnicas e multirraciais cujos laços de amizade são fortalecidos por experiências compartilhadas". "Ambos os países celebram as ricas contribuições de pessoas de ascendência africana e populações indígenas para o tecido de nossas sociedades", destacam.
"A pauta principal é a retomada do Plano de Ação", disse. "Já falei com o chanceler Mauro Vieira e Celso Amorim, assessor internacional, sobre o acordo bilateral e que prevê intercambio de boas práticas em saúde, educação e trabalho, além do tema de violência de gênero", destacou.
Para diplomatas americanos, a inclusão de Anielle e do debate na comitiva foi aplaudida e vista como um reconhecimento importante do papel das mulheres e do movimento negro na pauta do governo, inclusive em termos de política externa.
Durante os anos de Bolsonaro e Trump, Brasília e Washington chegaram a montar uma espécie de aliança informal para minar qualquer debate mais intenso sobre a questão racial nos organismos internacionais.
De fato, depois da morte de George Floyd, a ONU foi convocada para examinar a violência policial contra afroamericanos. Naquele momento, o governo de Bolsonaro saiu em defesa dos EUA e, junto com Trump, tentou minar uma resolução que daria um mandato para a entidade investigar violações de direitos humanos nesse contexto.
A resolução acabou sendo aguada, com a ajuda do Brasil. Mas ainda assim, a ONU foi instruída a fazer relatórios periódicos sobre o tema da violência contra essa população em todo o mundo.
Além de George Floyd, a entidade escolheu o caso de Marielle Franco como parte de sua análise.
Hoje, é a irmã de Marielle, Anielle, que desembarca no Salão Oval para debater a situação. "É muito importante nossa participação nessa visita. O objetivo principal é estreitar as relações com os EUA na temática da igualdade racial, conhecer práticas desenvolvidas por eles", disse ao UOL.
Além do encontro dom Biden, ela visitará o o Museu Nacional de Cultura Afroamericana para se reunir com representantes de temas relacionados à justiça racial.
"Sabemos que somos dois países com bases profundas de formação pautada do racismo e na discriminação racial", afirmou. "O que os EUA podem dar como referência são as políticas de reparação e valorização da memória e historia afroamericana", disse.
Do lado brasileiro, Anielle afirma que o país pode compartilhar sua experiência de mobilização e o funcionamento do SUS.
Questionado sobre o que sua presença significava no encontro, ela foi clara: "vou representar o povo brasileiro". "A presença denota e traz centralidade da pauta racial neste governo e os esforços que vamos fazer para combater o racismo no Brasil", completou.
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