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Infiltração de bolsonaristas é ameaça para Dilma no banco dos Brics
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Diplomatas e servidores públicos que foram colocados na "geladeira" pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão se mobilizando para tentar vagas como funcionários do banco dos Brics, entidade criada pelos países emergentes e com a finalidade de financiar projetos milionários em Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul.
A manobra acontece no momento em que a ex-presidente Dilma Rousseff é designada pelo governo Lula para assumir a presidência da instituição. Se confirmada, ela irá substituir Marcos Troyjo, diplomata, economista e cientista político paulista que assumiu o banco com o apoio do governo de Jair Bolsonaro em 2020.
O mandato de Troyjo no comando do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), a sigla em inglês do Bancos do Brics, deveria terminar apenas em 2025. Mas depois de ter chamado Lula de "presidiário" e ter dado declarações contestando o fato de que o Brasil estaria se transformando num pária internacional, o brasileiro viu seu cargo ser ameaçado.
Lula e sua equipe de política externa insistiram que não haveria caça às bruxas contra diplomatas que tivessem servido ao governo de Jair Bolsonaro. Mas isso não significaria que os cargos mais estratégicos da rede de embaixadas do Brasil no exterior seriam deixados nas mãos de pessoas escolhidas pelo ex-presidente.
O governo, assim, desfez as nomeações que estavam previstas no final de 2022 e iniciou o posicionamento de novos embaixadores em cargos de alta relevância geopolítica. Isso incluiu a embaixada do Brasil em Washington, em Tel Aviv, a missão do Brasil na ONU, em Haia e numa dezena de outros postos.
A movimentação por parte desses diplomatas que estão sendo preteridos, portanto, tem sido a de buscar novos cargos.
Dentro do Palácio do Planalto, a preocupação é de que esses funcionários, se conseguirem as vagas antes de Dilma assumir seu posto em Xangai, poderão representar um risco para a ex-presidente. A avaliação é de que, em tal cargo, ela precisará contar com diplomatas leais a ela.
A suspeita é de que, sabendo da mudança, há uma corrida entre os bolsonaristas para assegurar que possam em parte manter a influência no fluxo de investimentos ao Brasil. A percepção no Palácio do Planalto é de que a ampla carteira poderia ser alvo da cobiça de aliados de bolsonaristas, na esperança de conseguir recursos para projetos que apoiem regiões, municípios ou estados governados por herdeiros do governo anterior.
Hoje, o NDB já aprovou cerca de US$ 31 bilhões em investimentos nos países emergentes. Se até o início do governo Bolsonaro o volume de recursos ao Brasil era modesto e não passava da marca dos US$ 600 milhões, a carteira de investimentos em projetos brasileiros aumentou de forma substancial e hoje chega a US$ 6 bilhões.
O banco, porém, tem um caráter geopolítico claro. Liderada pela China, a iniciativa visa criar um sistema de financiamento que retire a dependência dos emergentes de instituições como o FMI e Banco Mundial, controladas pelos americanos e europeus.
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