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Ministro diz que escravidão no Sul não é caso isolado e plano será revisto
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O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou que a descoberta de trabalhadores em situação análoga à escravidão no Sul do Brasil não é um caso isolado no país e que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva terá de iniciar um processo para examinar como lidar com esse fenômeno.
Em entrevista coletiva concedida em Genebra, o novo chefe da pasta de direitos humanos confirmou que uma reunião de emergência foi convocada por seu ministério para a semana que vem. Um dos objetivos, segundo ele, será o de reavaliar o plano nacional de erradicação do trabalho escravo e considerar se novas medidas terão de ser tomadas.
Silvio Almeida também indicou que vai iniciar uma conversa com o Ministério do Trabalho, Fazenda e Justiça para permitir que a resposta do governo seja ampla.
A revisão do plano de erradicação do trabalho escravo foi pedida depois que uma operação resgatou de condições análogas às de escravo 207 pessoas que atuavam na colheita e carga e descarga de uvas em Bento Gonçalves (RS). Os trabalhadores trabalhavam para uma empresa prestadora de serviço contratada pelas vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.
"Nem de longe isso é um caso isolado no Brasil", lamentou o ministro. "O Brasil é um país que possui problemas que ainda levam à reprodução da violência contra os trabalhadores", disse.
O chefe da pasta de Direitos Humanos afirmou que sequer se surpreendeu com as declarações das empresas envolvidas, sugerindo que o que ocorreu é resultado das políticas sociais.
"Reduziram a possibilidade de explorar os trabalhadores. Vejo nisso um recado: a luta contra o trabalho escravo é uma luta que envolve o fortalecimento do sistema de proteção social aos trabalhadores. Precisamos reconstruir o sistema de proteção e fortalecer os sindicatos", defendeu.
Racismo organiza desigualdades
Para Silvio Almeida, o primeiro ministro de Direitos Humanos negro do Brasil, o racismo é um dos pilares estruturantes do país. "O racismo organiza as desigualdades no Brasil, organiza a violência social e do estado", completou.
Durante sua viagem para Genebra, o ministro apresentou a nova política de direitos humanos e insistiu que quer a cooperação dos organismos internacionais para poder implementar sua agenda. "Viemos reconectar o Brasil com o sistema de direitos humanos", afirmou.
Um dos lemas do governo foi o de que "o Brasil voltou", numa referência ao fim de quatro anos de um isolamento inédito do país do cenário internacional. Mas ele admitiu que essa volta não será apenas de um antigo Brasil.
"Ninguém volta do mesmo jeito. No mesmo tempo. O Brasil voltou. Mas voltou diferente. Conectado com as demandas do tempo presente", disse. "Voltamos com outro projeto de futuro", completou.
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