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Jamil Chade

REPORTAGEM

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ONU: Bolsonaro alimentou violência política e caso Marielle é emblemático

Daniel Silveira, quando candidato, rasga placa de Marielle - Reprodução/Twitter
Daniel Silveira, quando candidato, rasga placa de Marielle Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

14/03/2023 12h43

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No dia em que o assassinato de Marielle Franco completa cinco anos, a ONU aponta que é necessário que os mandantes do crime enfrentem a Justiça, e alertou que o ex-presidente, Jair Bolsonaro alimentou a violência política no país.

"Não deveria haver impunidade: não apenas para aqueles que realmente executaram o assassinato de Marielle Franco, mas também para aqueles que presumivelmente o ordenaram", disse Jan Jarab, representante do Escritório de Direitos Humanos da ONU na América do Sul.

"Seu assassinato foi um caso emblemático, fazendo parte de uma preocupante tendência mais ampla de violência política - de discurso de ódio misógino, racista e homofóbico, assédio on-line e ameaças de morte e, em alguns casos, ataques reais contra mulheres, particularmente mulheres negras, e pessoas LGBTIQ na política local ou nacional, ativistas e jornalistas", disse.

"Esta tendência tem crescido nos últimos cinco anos, impulsionada em grande parte por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, que ele mesmo a alimentou", alertou.

Ao longo dos últimos anos, o governo Bolsonaro recebeu cartas e cobranças por parte de relatores da ONU, que pediram explicações sobre a morte da vereadora. Na sede das Nações Unidas, em Genebra, a cúpula da entidade ainda recebeu Anielle Franco e Monica Benício, que também denunciaram os obstáculos por parte da gestão anterior em fazer o tema avançar.

Desde 2019, o tema ainda foi evitado por parte de Damares Alves, ex-ministra de Direitos Humanos, que insistia em minimizar o caso. Já Silvio Almeida, ao visitar a ONU no início do mês, fez questão de citar o nome da vereadora.

"É encorajador que o novo governo esteja tomando uma posição forte contra o racismo e todas as formas de discriminação e a nomeação da irmã de Marielle Franco, Anielle, como ministra da Igualdade Racial envia uma mensagem poderosa", disse Jarab.

"Entretanto, é claro que na sociedade brasileira a misoginia, o racismo e a homofobia são profundos. Esforços sustentados de toda a sociedade serão necessários para superar isto. O Escritório de Direitos Humanos da ONU está pronto para dar apoio ao Brasil a este respeito", completou o representante.