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Agro quer Lula na China em maio; governo diz que Xi fixará nova data
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Empresários do setor do agronegócio sugerem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva remarque sua viagem para a China para o final de maio. O motivo: a visita coincidiria com a maior feira de alimentos do país. Mas em entrevista em Pequim, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a China decidirá quando ocorrerá a visita.
Com pneumonia, Lula foi obrigado a abortar a viagem para Pequim e Xangai, que ocorreria nesta semana. Todos os mais de 20 atos, acordos e memorandos que seriam assinados foram congelados e apenas serão anunciados quando Lula estiver na China. Os projetos já estavam negociados. Mas tanto os brasileiros quanto os chineses alertaram que não faria sentido a assinatura imediata dos atos, já que esvaziaria uma futura visita de Lula e deixaria os presidentes sem anúncios a serem realizados.
Em nota, o governo chinês desejou uma rápida recuperação ao brasileiro e sinalizou que está em contato com o Itamaraty para repensar a agenda e buscar uma nova data para o encontro. Dentro da chancelaria chinesa, porém, o clima era de frustração. Pequim havia organizado uma recepção de grande pompa ao brasileiro, a primeira desde a posse de Xi para seu terceiro mandato.
O cancelamento ainda levou parte da comitiva do governo que havia chegado antes para preparar a viagem a buscar um novo hotel, na esperança de reduzir custos. A delegação do país ocuparia quase 200 quartos em um dos hotéis de maior luxo na China.
Enquanto isso, governos e empresários iniciavam debates sobre como recuperar a agenda com os chineses. Para o setor exportador brasileiro, coincidir a visita de Lula com o maior evento de alimentos poderia mostrar justamente uma maior aproximação entre os dois países no fornecimento de commodities e num momento de tensão internacional.
A sugestão já foi repassada ao governo brasileiro, mas uma nova agenda depende também do calendário de atividades do presidente Xi Jinping e da própria estrutura do estado chinês para receber a delegação brasileira.
O evento, conhecido como SIAL, tem como meta chegar a 500 mil potenciais compradores. O local do evento, com 180 mil metros quadrados, deve atrair 4,5 mil expositores e mais de 150 mil profissionais de todo o mundo.
Um dos esforços do governo brasileiro, porém, é o de equilibrar a balança comercial do país com a China, atraindo investimentos no setor de tecnologia. O país teme se consolidar como fornecedor de matéria-prima e commodities, enquanto a China se insere no mundo exportando produtos de alto valor agregado.
Segundo ministro, data será definida pela China
Carlos Fávaro, confirmou que também recebeu a sugestão do setor sobre a nova data da visita. Mas insistiu que não cabe ao Brasil determinar quando a nova viagem ocorreria. "Isso cabe aos chineses", disse o ministro, o único do alto escalão brasileiro na China.
"Tem que respeitar a diplomacia. Ouvi a sugestão (do agro). Quem define é o governo chinês. Não podemos dizer que em maio vamos voltar", afirmou.
O ministro confirmou que a decisão sobre o cancelamento ocorreu por uma questão "técnica e médica". Segundo ele, o Planalto informou que a pneumonia de Lula estava "controlada". Mas que ele estava ainda transmitindo o vírus e numa condição que poderia ser de vulnerabilidade para um voo de mais de 20 horas. "Seria um risco para o pulmão com a exposição à pressurização", explicou.
Atos suspensos
Segundo Fávaro, todos os acordos que o Brasil assinaria com a China foram suspensos, à espera da nova visita. Mesmo os atos do Ministério da Agricultura aguardarão pela visita de Lula.
Os atos incluíam:
Construção de um novo satélite de monitoramento
Entendimentos no setor de alta tecnologia, incluindo 6G.
Pacto para lutar contra a fome no mundo
Abertura do mercado brasileiro para turistas chineses
Acordo com a Huawei para ampliação da Internet no Brasil
Os projetos já estavam negociados e apenas aguardavam o encontro entre os presidentes para que a viagem fosse marcada por resultados concretos, ao contrário do que ocorreu nos EUA quando a comitiva brasileira deixou a Casa Branca sem grandes anúncios.
O ministro admite que a meta do governo era o de conseguir assinar os acordos antes de a administração Lula completar 100 dias. "Mas será em breve", minimizou.
De acordo com Fávaro, empresas privadas ainda anunciarão acordos no dia 29, em Pequim. Mas nenhum deles envolverá o governo.
O chefe da pasta da Agricultura ainda aproveitou para lançar críticas ao governo de Jair Bolsonaro, indicando que o início da gestão de Lula abriu "relações mais amistosas e fraternais" com os chineses. Segundo ele, isso ficou claro nas reuniões que manteve com o governo de Xi Jinping e os acenos reais de Pequim para facilitar a entrada de produtos brasileiros ao mercado local.
"Há um clima mais fraternal com a volta de Lula à presidência. Isso abre oportunidades comerciais", completou.
Dilma assume presidência de banco, mas sem evento
Se Lula não fará a viagem, o governo confirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff manteve sua ida para Xangai. Ela assume a presidência do banco dos Brics e a ideia original era de uma cerimônia com a presença de Lula.
Dilma iniciará sua gestão no comando do banco sem o evento, que será remarcado apenas para quando o presidente Lula fizer sua visita ao país.
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