Jamil Chade

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Guerra na Ucrânia gera impasse em cúpula entre Europa e América Latina


A cúpula entre a Europa e a América Latina, que ocorre nesta segunda-feira em Bruxelas com mais de 60 delegações, vive um impasse. Nas negociações sobre a declaração final, a guerra na Ucrânia está impedindo que os governos cheguem a um acordo sobre os termos que serão estabelecidos na relação entre os dois continentes.

Os europeus querem que a declaração final cite a "guerra de agressão" contra o território ucraniano, denunciando abertamente a Rússia pelo ataque. Mas governos latino-americanos se recusam a aceitar os termos. A opção da América Latina é de que a declaração apenas mencione a "guerra na Ucrânia", sem apontar Moscou como culpado.

Governos como o de Cuba ou Nicarágua, contrários a qualquer gesto da OTAN, sequer aceitam que o assunto entre na declaração final da cúpula, apontando que não se trata de um tema do encontro.

O Brasil, nos bastidores, também é contrário às referências de uma "guerra de agressão". Mas, diante das posturas maximalistas de europeus e dos governos bolivarianos, a diplomacia nacional tentará costurar uma posição intermediária que possa ser aceita tanto por europeus como pelos latino-americanos.

Desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a questão da guerra na Ucrânia dividiu europeus e a nova diplomacia brasileira. O Palácio do Planalto insiste em buscar caminhos para negociar uma saída diplomática para o conflito, posição que irritou as potências Ocidentais.

As propostas de Lula de criar um grupo para permitir uma facilitação para um acordo de cessar-fogo perderam força nas últimas semanas, diante da insistência de russos e ucranianos em apostar no caminho militar. Projetos de negociação liderados pela ONU, da China, de africanos e de intermediários do Vaticano tampouco prosperaram.

Cúpula serve para reaproximar europeus e latinos

A cúpula termina na terça-feira e a esperança dos governos é de que, até lá, um entendimento possa ser encontrado.

A cúpula entre as duas regiões não ocorria desde 2015 e, portanto, o evento em Bruxelas é considerado como parte de uma ofensiva dos europeus por reaproximar o Velho Continente às economias latino-americanas.

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O temor dos europeus é de que o continente que tradicionalmente foi destino de investimentos e comércio da UE passe a se distanciar politicamente e que adote uma postura diplomática cada vez mais próxima de outras potências emergentes, principalmente dos Brics.

Do lado latino-americano, o bloco desembarca na capital belga com um posicionamento de cobrar dos europeus uma nova forma de cooperação estratégica.

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