Ajuda a Gaza é 'gota no oceano' e não há como evitar desvios, diz OMS
A OMS (Organização Mundial da Saúde) aplaudiu hoje o acordo anunciado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, indicando que Israel e Egito vão permitir que um primeiro carregamento de ajuda humanitária possa entrar na Faixa de Gaza, a partir da fronteira de Raffah.
Mas, segundo o diretor de operações da agência, Mike Ryan, o volume de ajuda anunciado está muito distante da necessidade da região e, assim como ocorre em outros conflitos, não há como garantir que apenas a população civil receba o material.
Uma das exigências de Israel era de que qualquer tipo de ajuda apenas poderia entrar se houvesse uma garantia de que o Hamas não receberia nenhum tipo de produto.
Para Ryan, há uma operação de distribuição que está sendo montada.
Mas a realidade de todos os conflitos é de que algum desvio sempre ocorre
Mike Ryan, diretor de operações da OMS
Em sua avaliação, é o volume de ajuda que hoje representa um obstáculo. Biden havia indicado que, pelo entendimento, a entrada de 20 caminhos seria estabelecida. Cinco deles serão de remédios e estão sendo organizados pela OMS.
Isso é uma gota num oceano (...) O que precisamos é de uma corredor humanitário. Um corredor é um corredor
Mike Ryan, diretor de operações da OMS
A situação, segundo ele, chega a ser tão dramática que não existem bolsas de sangue para coletar sangue de doadores. "As bolsas acabaram, não o sangue. Existem doadores, mas não há como guardar", disse.
Outro desafio é a falta de combustível. De acordo com a OMS, hospitais já estão sem o produto e muito operam no escuro.
"Tragédia"
Na agência, porém, o temor é de que a ajuda chegue tarde demais. "Esperamos que as entregas comecem a ocorrer nesta sexta-feira. Mas não há como garantir", admitiu Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Segundo ele, a falta de serviços médicos vai ampliar o número de mortes em Gaza. "Se a entrada dessa ajuda não for autorizada, haverá uma tragédia em Gaza", alertou. "Espero que os anúncios sejam honrados", completou.
Crianças e mulheres representam metade dos mortos
Rik Peeperkorn, representante da OMS nos Territórios Ocupados da Palestina, ainda destacou nesta quinta-feira que o número de mortos em Gaza chega a quase 3.500 pessoas. No hospital Al Ahli, as vítimas somam 470 pessoas. "Crianças e mulheres representam mais da metade dos mortos em Gaza", disse.
O caso do hospital Al Ahli, porém, não é o único. Kim Hyo Jeong, representante da OMS, indicou que a agência já identificou 136 ataques contra centros de saúde desde o dia 7 de outubro. 61 ambulâncias foram também destruídas.
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