Jamil Chade

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Depois de veto dos EUA, agora é a Rússia que barra resolução na ONU

O governo da Rússia anunciou hoje que irá vetar a resolução proposta pelos EUA para lidar com a crise em Gaza e que irá apresentar um novo projeto, incluindo elementos inclusive das ideias circuladas pelo Itamaraty nos últimos dias.

Sem um acordo entre as potências, o Conselho de Segurança se limita a debater a crise no Oriente Médio, que já soma mais de 5.000 mortos e 1 milhão de deslocados. A reunião havia sido convocada pela presidência do Brasil, e existia a possibilidade de que o governo americano submetesse uma nova resolução ao voto.

Mas sem um número suficiente de apoio, a Casa Branca optou por adiar a consideração do texto. Na semana passada, outras duas resoluções foram barradas.

O impasse entre as potências deixa a população de Gaza sem qualquer garantia de acesso a remédios, água e alimentos. Do lado de fora da ONU, protestos de israelenses pediam que a entidade agisse diante da tomada de reféns por parte do Hamas.

A resolução americana surge uma semana depois que o governo dos EUA vetou uma resolução proposta pelo Brasil e que previa a criação de uma pausa humanitária. A Casa Branca, porém, insistia que o texto não tratava de forma suficiente do direito de autodefesa de Israel.

Se uma versão original do texto americano se limitava a denunciar o Hamas e sair em defesa de Israel, o documento acabou sendo modificado. O governo brasileiro negociou a inclusão de uma referência mais explícita a uma pausa humanitária na nova resolução apresentada pelos EUA. O texto submetido nesta manhã dizia:

Solicita todas as medidas necessárias, como pausas humanitárias, para permitir o acesso humanitário completo, rápido, seguro e desimpedido, consistente com o direito internacional humanitário, para as agências humanitárias das Nações Unidas e seus parceiros de implementação,

Mas seu conteúdo ainda foi considerado como insuficiente para os russos, chineses e árabes, principalmente ao condenar o Hamas e poupar Israel.

Antony Blinken, o chefe da diplomacia dos EUA, admitiu nesta terça-feira em seu discurso que uma pausa humanitária pode ser estabelecida e que a população civil deve ser protegida. Mas insistiu que tal posição precisa ser acompanhada por uma condenação clara do Hamas.

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Instantes depois, foi a vez do Kremlin tomar a voz e anunciar que não aceitará o texto americano. Para o governo de Vladimir Putin, a proposta dos EUA é "politizada" e "inapropriada". "Vamos apresentar nossa própria resolução", avisou o embaixador russo, Vasily Nebenzya.

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