ONU anuncia que ajuda humanitária em Gaza está 'chegando ao fim'
Num anúncio considerado como dramático para funcionários e diplomatas, a ONU alerta que sua operação humanitária em Gaza está "chegando ao fim".
De acordo com o comissário-geral da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, o motivo é a proibição de fornecimento de combustível, o que tem levado os programas de distribuição de alimentos e remédios a uma paralisia.
"A resposta humanitária na Faixa de Gaza, da qual dependem mais de 2 milhões de pessoas, está gradualmente chegando ao fim porque nenhum combustível foi autorizado a entrar na Faixa de Gaza desde 7 de outubro", disse Lazzarini.
"A UNRWA disparou o alarme sobre a situação do combustível há três semanas, alertando sobre o rápido esgotamento de seus suprimentos e o impacto sobre as operações de salvamento de vidas", disse.
"Desde então, racionamos fortemente o uso de combustível e acessamos quantidades limitadas pré-existentes armazenadas em um depósito dentro da Faixa de Gaza, por meio de estreita coordenação com as autoridades israelenses", afirmou.
Agora, porém, o combustível acabou. "O depósito agora está vazio", disse.
"É muito simples. Sem combustível, a operação humanitária em Gaza está chegando ao fim. Muito mais pessoas sofrerão e provavelmente morrerão", lamentou Lazzarini.
"É inacreditável que as agências humanitárias tenham que implorar por combustível e operar com suporte de vida", disse.
Israel alega que o combustível seria desviado para o Hamas e que, neste momento, não pode dar a oportunidade para que o grupo palestino se fortaleça. Para a ONU, o argumento não faz sentido, já que existiria um sistema claro entre as agências para permitir o monitoramento do uso do combustível.
"Desde o início da guerra, o combustível tem sido usado como arma de guerra e isso deve parar imediatamente", alertou. "Faço um apelo a todas as partes para que disponibilizem combustível agora e parem de usar a assistência humanitária para obter ganhos políticos ou militares", completou.
Seu alerta está sendo publicado no dia em que o chanceler de Israel, Eli Cohen, usou uma coletiva de imprensa na sede da ONU em Genebra para criticar o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres. A ONU tem criticado a ofensiva israelense e alertado que os ataques do Hamas não ocorreram num vácuo. A entidade também tem denunciado os ataques contra hospitais.
"Guterres não merece ser chefe da ONU. Guterres não promove processo de paz na região", insistiu. Para ele, o chefe das Nações Unidas está "sentado ao lado do Irã". "Os iranianos fazem parte da ONU e pedem a destruição de outro de seus membros. O Irã não poderia fazer parte. É antissemitismo. É contra o estado de Israel", declarou.
Cohen alertou que Guterres "sabe" que Israel não escolheu essa guerra. "Ele deve dizer claramente: liberte Gaza do Hamas. Por qual motivo ele não diz?", insistiu.
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