70% dos palestinos não terão água potável até final do dia, diz ONU
Num apelo desesperado, as agências humanitárias da ONU alertam que a situação na Faixa de Gaza é de "carnificina" e que, até o final do dia, 70% dos 2,2 milhões de habitantes da região não terão mais acesso à água potável.
O alerta foi emitido nesta manhã pela Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA). Israel não permite a entrada de combustível para Gaza, sob a alegação de que poderia servir para abastecer o Hamas. Por isso, as autoridades de Israel têm feito apenas concessões limitadas.
"A UNRWA recebeu hoje pouco mais de 23.000 litros de combustível para a Faixa de Gaza sitiada. As autoridades israelenses restringiram o uso desse combustível apenas para transportar a pequena ajuda vinda do Egito", disse a entidade.
"Esse combustível não pode ser usado para a resposta humanitária geral, inclusive para instalações médicas e de água ou para o trabalho da UNRWA", alertaram.
"É terrível que o combustível continue a ser usado como arma de guerra. Nas últimas cinco semanas, a UNRWA tem implorado para conseguir combustível para apoiar a operação humanitária em Gaza. Isso paralisa seriamente nosso trabalho e a prestação de assistência às comunidades palestinas em Gaza", explica a entidade.
Segundo a agência,"até o final do dia de hoje, cerca de 70% das pessoas em Gaza não terão água limpa".
" Os principais serviços, incluindo usinas de dessalinização de água, tratamento de esgoto e hospitais, deixaram de funcionar", completou.
Na avaliação da entidade, ter combustível apenas para caminhões não salvará mais vidas. "Esperar mais tempo custará vidas", disse. "É necessário muito mais combustível. Precisamos de 160.000 litros de combustível todos os dias para operações humanitárias básicas", explica a agência.
"Peço às autoridades israelenses que autorizem imediatamente a entrega da quantidade necessária de combustível, conforme exigido pelo direito humanitário internacional", completou a ONU.
ONU fala em carnificina
Numa outra declaração, o chefe da Operação Humanitária da ONU, Martin Griffiths, descreveu a situação dos palestinos de "carnificina que atinge novos níveis de horror a cada dia. "O mundo continua a assistir, em estado de choque, a hospitais sendo atacados, bebês prematuros morrendo e uma população inteira sendo privada dos meios básicos de sobrevivência", alertou.
"Não se pode permitir que isso continue", insistiu. "As partes em conflito devem respeitar a lei humanitária internacional, concordar com um cessar-fogo humanitário e interromper os combates", completou.
OMS: incursão em hospital é inaceitável
Numa coletiva de imprensa nesta quarta-feira, o chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que há três dias já não recebe atualizações de mortes e feridos em Gaza, o que torna difícil avaliar a situação.
"Apenas um quarto dos hospitais funciona. Dos 36 locais que existiam em Gaza, 26 estão fechados", disse. Segundo ele, muitos pacientes não conseguem entrar ou sair de vários dos hospitais.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receber"Antes da guerra, 3,5 mil leitos existiam nos hospitais de Gaza. Hoje, são apenas 1,4 mil. "E existem muitos mais pacientes que leitos", disse Tedros.
Segundo ele, médicos estão tendo de "tomar decisões impossíveis sobre quem viva e quem morre".
Para o chefe da OMS, a incursão de Israel no hospital de Al Shifa é "totalmente inaceitável". "Os hospitais não são campos de batalha", disse Tedros, que teme pelos pacientes e funcionários."Perdemos contatos com os funcionários do hospital", admitiu.
Israel alega que o Hamas usa o local como base. Mas, para Tedros, isso não é uma justificativa para que Israel ataque de forma indiscriminada o local. A resposta precisa ocorrer com proporcionalidade e os sistemas de saúde e pacientes precisam ter sua integridade preservada.
Rik Peeperkorn, representante da OMS para os territórios palestinos, relatou que a entidade foi informada que 82 pacientes que não sobreviveram foram enterrados em fossas comuns. 80 corpos ainda estão por ser enterrados.
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