Jamil Chade

Jamil Chade

Siga nas redes
Reportagem

Líder indígena pede Força Nacional para assembleia de caciques em MS

Uma das principais lideranças Indígenas do povo guarani-kaiowá, a cacica Valdelice Veron, pede ao governo federal o uso da Força Nacional para garantir a segurança de famílias ameaçadas, durante a Grande Assembleia Indígena ATY GUASU. O evento reúne em Mato Grosso do Sul, a partir desta terça-feira, todos os caciques e cacicas dessas etnias do Cone Sul.

A ação foi apresentada por advogados, em nome da cacica. Segundo eles, a petição tem o "objetivo de lançar luz, nos ataques armados e violentos cometidos contra a etnia guarani-kiowá em Mato Grosso do Sul entre os anos de 2000 e 2023".

"O Estado tem o dever constitucional de proteger os povos indígenas do Mato Grosso do Sul, tanto quanto a impedir ações ilegais e letais pelas autoridades locais, quanto demarcando as terras tradicionais Guarani-Kayowá, hoje ocupadas", disseram.

Para eles, existem evidências de "gravidade, urgência e iminência de dano irreparável" em relação à população sob risco.

Em nome da liderança indígena, a petição foi apresentada pela advogada Thalita Camargo da Fonseca e Pedro Lazarini Neto, dirigida ao Ministério da Justiça e ao Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.

O documento pede:

O deslocamento da Força Nacional para garantir a segurança física guarani e kaiowá, principalmente no contexto das ameaças contra a família Cabalheira.

A segurança de Veron Carceres, e a segurança física dos indígenas e seus convidados na Grande Assembleia ATY GUASU, que ocorre de 21 a 26 de novembro de 2023, na Terra Indígena Kuhumi. O local testemunhou o massacre de Caarapó;

Atenção e assistência de saúde física e mental das famílias Veron Carceres-Cabalheira sob ameaça, após as décadas de violência ininterrupta, especialmente após o sequestro, tortura, assassinato, ocultação de cadáver do último membro da família em outubro de 2023, cujo corpo continua desaparecido, e seus executores soltos e ameaçando a família;

Continua após a publicidade

A federalização da investigação do sequestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáver de Clelson Valasques Veron, morto em 2003.

A inclusão dos membros da família Veron no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos.

A disponibilidade de escolta em deslocamento dos membros da família Veron, por membros da Força Nacional, com agentes de origem indígena

O imediato pedido do governo ao Programa Mundial de Alimentação por auxílio na Segurança Alimentar das famílias Cabalheira e Veron Carceres.

A busca dos restos mortais de Clelson Valasques Veron, desaparecido em 6 de outubro de 2003, bem como a identificação de atividades ilegais em terras indígenas

A demarcação imediata de terras indígenas da etnia guarani-kaiowá, por ser o único modo de diminuir a violência na região.
"Falar do direito indígena é falar da evolução da humanidade", disse Thalita Camargo da Fonseca. "O Brasil precisa entender de uma vez por todas que os indígenas têm uma importância capital", defendeu.

Continua após a publicidade

De acordo com ela, "grande parte dos indígenas do país estão expostos à insegurança alimentar" e enfrentam "trabalhos análogos a escravidão".

"A engrenagem de exploração continua para população negra, continua para população indígena", denunciou a advogada.

"Colonizadores diziam que os indignas eram seres sem lei, sem rei, e sem alma. E em 2023 nós temos que provar que a lei existe e vai amparar as violações cometidas contra eles", completou.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes