Jamil Chade

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ONU diz que Israel intensifica guerra e soma 11 mortos por hora em Gaza

Num levantamento divulgado nesta terça-feira, as agências da ONU revelam que, prestes a completar 60 dias de conflitos, a Faixa de Gaza vive uma intensificação dos combates, o fim da trégua e uma situação na qual 85% da população já não vivem em suas residências, quase 1,9 milhão de pessoas. Trata-se, para a OMS, da "hora mais sombria da humanidade".

Para usar os poucos banheiros, a população precisa entrar em filas que chegam a durar horas. Em média, existe uma latrina em funcionamento para cada 400 pessoas.

Os dados oficiais indicam que quase 16 mil mortos já foram registrados, com 349 apenas nas últimas 24 horas entre palestinos e três soldados israelenses. 60% dos mortos são mulheres e crianças. "A guerra contra as crianças voltou", denunciou James Elder, porta-voz da Unicef.

Em média, são 11 mortos a cada hora em Gaza.

Para a OMS, a intensificação do bombardeio foi registrado desde o fim de semana e a situação "piora a cada minuto". O que choca as agências é que, depois de atacar o norte de Gaza, Israel faz sua ofensiva ao sul, não deixando qualquer lugar seguro.

"Praticamente não há hospital para ir. Fui a um deles e é uma zona de horror, com pessoas gritando e pacientes no chão", disse Rik Peeperkorn, representante da OMS em Gaza. "Isso vai além do que podemos acreditar", afirmou.

Segundo ele, em menos de dois meses, a explosão de doenças já é visível. São 86 mil casos de diarreia, 30 vezes maior que a taxa normal.

Eis os detalhes do novo raio-X:

Os bombardeios israelenses por ar, terra e mar em Gaza, bem como as operações terrestres e os combates se intensificaram significativamente, enquanto os grupos armados palestinos continuaram a disparar foguetes contra Israel.

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Em 4 de dezembro, 100 caminhões de ajuda que transportavam suprimentos humanitários e 69 mil litros de combustível entraram em Gaza vindos do Egito, aproximadamente o mesmo que no dia anterior. Isso está bem abaixo da média diária de 170 caminhões e 110 mil litros de combustível que entraram durante a pausa humanitária implementada entre 24 e 30 de novembro.

O Coordenador Humanitário para o Território Palestino Ocupado declarou que "não existem as condições necessárias para fornecer ajuda ao povo de Gaza. Se possível, um cenário ainda mais infernal está prestes a se desenrolar, um cenário no qual as operações humanitárias podem não ser capazes de responder. O que vemos hoje são abrigos sem capacidade, um sistema de saúde de joelhos, falta de água potável, falta de saneamento adequado e má nutrição para pessoas que já estão mental e fisicamente exaustas: uma fórmula clássica para epidemias e um desastre de saúde pública".

Em 3 de dezembro, os militares israelenses designaram uma área que cobre cerca de 20% da cidade de Khan Younis para evacuação imediata. Antes do início das hostilidades, essa área abrigava cerca de 117 mil pessoas. A área também inclui 21 abrigos que abrigam cerca de 50 mil pessoas deslocadas internamente, a grande maioria das quais foi deslocada anteriormente do norte, o que significa que as pessoas já deslocadas estão sendo deslocadas novamente.

Os moradores foram instruídos a se mudarem para a cidade de Al Fukhari, a leste de Khan Younis, e para os bairros de Ash Shaboura e Tell As Sultan, em Rafah, que já estão superlotados.

Em 3 e 4 de dezembro, ocorreram intensos bombardeios e combates em torno de três dos quatro hospitais parcialmente operacionais no norte de Gaza e do hospital Nasser no sul. Alguns deles foram atingidos diretamente, causando vítimas e danos às instalações hospitalares. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza (MoH), os hospitais estão "inundados com um fluxo de cadáveres".

O número de vítimas fatais desde 7 de outubro e até a retomada das hostilidades em 1º de dezembro inclui pelo menos 198 médicos palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza; 130 funcionários da ONU; 77 jornalistas e trabalhadores da mídia.

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No total, 80 soldados israelenses foram mortos em Gaza desde o início das operações terrestres israelenses, de acordo com fontes oficiais israelenses.

De modo geral, estima-se que cerca de 1,8 milhão de pessoas em Gaza, ou quase 80% da população, estejam deslocadas internamente.

Devido à superlotação e às condições sanitárias precárias nos abrigos da ONU no sul, houve um aumento significativo de algumas doenças e condições transmissíveis, como diarreia, infecções respiratórias agudas, infecções de pele e condições relacionadas à higiene, como piolhos. Também há relatos iniciais de surtos de doenças, incluindo potencialmente a hepatite A.

Os hospitais no sul de Gaza mal conseguem lidar com o fluxo de feridos. Médicos Sem Fronteiras (MSF) relatou que esse é o caso de dois hospitais que apoia - Al Aqsa, na Área Central, e Nasser, no sul. MSF informou que, nos dias 3 e 4 de dezembro, mais de 100 mortos e 400 feridos chegaram ao hospital de Al Aqsa. Para lidar com esse aumento, uma unidade temporária de curativos foi criada para oferecer tratamento de feridas a pacientes com feridas ou lesões crônicas.

Os 12 hospitais no sul estão funcionando parcialmente. No momento, a capacidade de leitos em Gaza é de 1.400, abaixo dos 3.500 existentes antes das hostilidades.

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