Escândalo envolvendo Silvio Almeida enfraquece governo Lula no exterior
Diplomatas, negociadores e representantes do Brasil no exterior temem que as denúncias envolvendo Silvio Almeida representem um golpe à credibilidade da agenda internacional que o país tentava implementar, principalmente no setor de direitos humanos, na luta contra o racismo e pobreza.
Apesar de a Presidência ter agido rapidamente diante das denúncias contra o ex-ministro, a percepção é de que o impacto não será positivo, inclusive por conta dos demais problemas enfrentados pela pasta.
Desde que assumiu o governo, a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva fez uma ofensiva para mostrar ao mundo que a era da barbárie representada pelos aliados de Jair Bolsonaro era algo superado.
Sob o antigo governo, a agenda de direitos humanos foi sequestrado pela extrema direita, manipulando conceitos e desmontando programas de proteção. Na ONU e em outros órgãos, a guinada ultraconservadora do Brasil assustou a comunidade internacional.
Fontes no Itamaraty apontam que a aposta, portanto, era por uma transformação radical da pauta de direitos humanos. A escolha de uma pessoa que representasse a excelência acadêmica, a luta antirracista e o papel internacional do país caia como uma luva nessa estratégia.
Às vésperas da reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que começa na próxima segunda-feira, diplomatas admitem que o escândalo enfraquece o Brasil no exterior. A crise ainda acontece no mesmo mês da viagem de Lula para as Nações Unidas, em Nova York. Para muitos, a crise ainda da força para movimentos que questionam a legitimidade de vozes que, legitimamente, defendem os direitos humanos.
"O que está acontecendo é péssimo para nossa credibilidade que estávamos tentando reconstruir", admitiu um experiente embaixador.
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