Jamil Chade

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Putin defende redução do uso do dólar no Brics e elogia Dilma

O presidente russo, Vladimir Putin, que coordena o Brics em 2024, defendeu nesta sexta-feira (18) a criação de um "arranjo" de reservas internacionais e a redução do uso do dólar, além da criação de um sistema paralelo de troca de informações entre bancos centrais. Numa coletiva de imprensa organizada às vésperas da cúpula do bloco, em Kasan, o russo fez questão de insistir no trabalho estabelecido para o uso de moedas locais no comércio. Mas rejeita, no momento, a criação de uma moeda única.

A cúpula, que ocorre na próxima semana, contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas também coincide com a reta final da eleição americana e um debate intenso estabelecido nos EUA diante das ameaças de Donald Trump contra países que reduzam o uso do dólar. Segundo o candidato republicano, quem optar por esse caminho será alvo de tarifas de 100% em seus produtos.

Putin, porém, deixou claro que são os próprios americanos quem estão minando a posição do dólar no cenário internacional, ao usar a moeda como arma.

"O mundo inteiro avalia se vale a pena usar o dólar. Mesmo os aliados dos EUA estão reduzindo suas reservas", disse Putin, que passou parte da coletiva de imprensa criticando o comportamento americano.

"Não fomos nós que abandonamos o dólar", disse Putin, sem citar o fato de que sanções foram impostas sobre a Rússia diante da invasão da Ucrânia.

"Eles (americanos) fizeram isso tudo com suas próprias mãos. Eles pensaram que iríamos entrar em colapso. Hoje, 95% das trocas ocorrem em moedas nacionais", disse o russo, citando a migração de seu comércio em yuan.

Novos mecanismos para moedas nacionais e alternativa ao sistema Swift

Putin, porém, deixou claro que o objetivo do bloco é o desenvolvimento de novos mecanismos, usando o New Development Bank, conhecido como Banco do Brics. Para o russo, a presidente da instituição, Dilma Rousseff, "tem sido muito profissional, e sabe o que fazer".

Segundo ele, alguns dos projetos sendo considerados no banco seria um arranjo de reservas de moedas nacionais do bloco. "Isso pode ser um instrumento muito útil", disse.

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Outra aposta de Putin é o desenvolvimento de moedas digitais para projetos de investimentos, além de um sistema paralelo de Swift que permitiria os pagamentos internacionais. "Isso tudo pode ser uma importante caixa de ferramentas e que pode ser um elemento importante para o desenvolvimento do Sul Global", afirmou.

O russo explicou que tem feito consultas sobre esses temas como Brasil, Índia e outros países. "Vamos falar sobre isso durante a cúpula", indicou.

Putin garantiu que o bloco não fala ainda em uma moeda única. "Precisamos ser cuidadoso. Isso não amadureceu ainda. Uma moeda comum exigiria uma integração de suas economias", reconheceu. O que estamos olhando é na expansão de moedas nacionais. Precisamos ter instrumentos para permitir que isso seja seguro o suficiente e que não seja um problema", disse.

O centro dos trabalhos seria a criação de instrumentos digitais e criar relações entre bancos centrais, além do fortalecimento do banco.

Para ele, a transformação da ordem mundial não é um trabalho do Brics. "Essa não é nossa aspiração. Isso vai acontecer de forma inevitável. Precisamos apenas responder de forma adequada", completou.

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