'Trump usará militares contra povo', dirá Kamala em ato final de campanha
No que será o discurso final de Kamala Harris em uma longa e tensa campanha eleitoral nos EUA, a candidata democrata vai alertar que Donald Trump está disposto a usar o exército contra seus opositores ou qualquer um que discorde dele. A expectativa é de que 52 mil pessoas acompanhem o evento na capital americana.
O discurso, na noite desta terças-feira em Washington DC, ocorre no mesmo palco usado por Trump em 2021 para convocar seus apoiadores a invadir o Capitólio. A presença de Kamala Harris no local é simbólico e revela a intenção dos democratas em usar os atentados contra a democracia americana para alertar a população sobre os riscos de eleger o republicano.
Em trechos da fala divulgados por sua campanha, a candidata vai insistir que Trump é "instável" e "obcecado por vingança".
Ela vai apontar, acima de tudo, que Trump "pretende usar as forças armadas dos Estados Unidos contra os cidadãos americanos que simplesmente discordam dele" e chamou às pessoas que não o apoiam "o inimigo interno".
Para Kamala, Trump é "consumido pela mágoa" e "procura o poder sem controle". Sua fala vai advertir que uma vitória do republicano significaria que ele usaria o poder para punir os seus inimigos e recompensar os amigos.
"Ele tem uma lista de inimigos que pretende processar. Ele diz que uma das suas maiores prioridades é libertar os extremistas violentos que atacaram os agentes da autoridade a 6 de janeiro", dirá Harris.
Virar a página
A candidata ainda usará o discurso para pedir que o país "vire a página" de quase uma década de "política rancorosa". "Trump passou uma década a tentar manter o povo americano dividido e com medo uns dos outros", disse.
"É isso que ele é. Mas América, estou aqui esta noite para dizer: isso não é quem nós somos", dirá Harris. Para ela, Trump pretende promover "mais caos" e "mais divisão".
O discurso ocorre no dia em que uma das figuras centrais da extrema direita americana, Steve Bannon, saiu da prisão para iniciar, imediatamente, uma forte campanha de desinformação.
Bannon, considerado mentor da extrema direita mundial, estava preso por não cumprir ordens judiciais sobre os ataques de 6 de janeiro de 2021 contra o Capitólio.
Numa coletiva de imprensa, o discurso do estrategista sugeriu que o republicano pode causar um caos no processo. Sua recomendação é de que o candidato, ainda durante a contagem dos votos, "saia e fale com seus eleitores". O temor dos democratas é de que o republicano se declare como vencedor, em plena noite e sem que os votos totais tenham sido contabilizados.
Bannon deixou claro que vai agir. "Trump deve informar o que está ocorrendo e não deixar as pessoas no escuro. E dizer onde estão os votos. Não estamos dispostos a ver uma repetição de 2020", disse o estrategista, numa suposta referência de que os democratas teriam manipulado o voto. Isso não ocorreu e a eleição foi devidamente validada.
Bannon se recusou a aceitar o resultado. "A eleição de 2020 foi roubada. Quero que a vontade do povo esteja protegida", disse.
Se apresentando como "um prisioneiro político", Bannon ainda chamou o governo de Joe Biden de "regime" e, de maneira vulgar, mandou as autoridades que o prenderam a "chupar".
Newsletter
JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberA coletiva de imprensa teve de ser interrompida quando uma pessoa se levantou para fazer uma pergunta e questionou "quando seria a próxima insurreição", numa alusão ao papel de Bannon na invasão do Capitólio. Ele foi retirado do local.
Sem provas, Bannon ainda indicou que é a contratação de advogados por parte dos democratas que indicaria que existe uma tentativa de fraudar a eleição. "Por qual motivo eles contratariam advogados?", questionou.
Insistindo em teses conspiratórias e invertendo os papéis, Bannon apontou que são os republicanos quem lutam pela democracia.
"Os Democratas não vão desistir. Eles entende que não podem vencer. Por isso contratam advogados. Não queremos uma reprise de 2020. Vão tentar anular a eleição e deslegitimar a vitória de Trump", disse, sem qualquer prova.
Para ele, o "sistema" no poder não quer permitir que a suposta de vitória de Trump seja chancelada. Mas Bannon alertou, depois de sair da prisão, que "os americanos não deixaram" que isso ocorra.
O estrategista ainda acusou Kamala Harris de usar uma retórica "perigosa" ao chamar Trump de fascista. Ainda que as pesquisas indiquem um empate, Bannon insiste que a vitória de Trump "está nas mãos".
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.