Topo

José Luiz Portella

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Alckmin vai decidir futuro com calma e ponderação

Ex-governador Geraldo Alckmin  - GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO
Ex-governador Geraldo Alckmin Imagem: GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

23/11/2021 09h07Atualizada em 23/11/2021 09h57

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Alckmin não é um político açodado. Tem a astúcia do paulista do interior, e uma inspiração da mineiridade inculcada pela família Alckmin amplo senso.

Costuma dizer: há dois ansiosos na praça, jornalistas e políticos. Ele não é um político ansioso.

Alckmin está em situação determinante para o futuro, tanto das eleições presidenciais, como das eleições do Estado de São Paulo, as duas mais importantes, pelo poder econômico e centro do mercado financeiro que é São Paulo. Depois de sofrer momentos difíceis, Alckmin deu a volta por cima e sabe disso.

Exatamente por conhecer suas reais condições atuais e saber quem são os adversários, quem o conhece, sabe que ele fará a escolha com calma. É uma decisão que pode e vai mudar sua vida.

Ao ouvir seus aliados no Interior é muito difícil que Alckmin, que os tem como grande apoio e trunfo eleitoral, vá optar para ser vice de Lula.

Ele pode realizar uma aliança em São Paulo ampla, forte e imbatível reunindo PSD, União Brasil e outros partidos. Tem gente que afirma que até partidos improváveis até agora de se aliarem com Alckmin, poderão reverter a expectativa.

Alckmin pode adiar o sonho de tratar de assuntos nacionais, que hoje o instigam muito, e procurar realizar uma gestão no governo paulista, que o propulsione à presidência em 2026. Não é simples, mas é perfeitamente possível.

Aliás, considerando que todo governador de São Paulo é candidato a candidato natural à presidência, o que deveriam fazer é governar o Estado muito bem, exibir em São Paulo projetos que podem ser ampliados para o Brasil, pelo Estado ser uma síntese do país, e terá uma vantagem distintiva difícil de ser alcançada por outro adversário.

Não é preciso efetuar nenhum aceno populista para o país, basta dar um show de políticas públicas em São Paulo. Mas, não pode ser um governo morno e mais ou menos, exatamente porque São Paulo pela pujança natural que possui, quando vai só bem nota 7, é considerado como algo obrigatório. Precisa fazer um governo de 9 para cima, mostrar como se muda um Estado com a dimensão de uma Argentina. E realizar uma política econômica que soe como a "destruição criativa" de Joseph Alois Schumpeter, economista, inspirando o Brasil. Sem absorver a antipatia do resto do Brasil contra o exemplo paulista, não sendo levado pela arrogância e prepotência, que é o que os outros brasileiros mais rejeitam nos paulistas.

É preciso ter habilidade.

Alckmin já governou o Estado quatro vezes, isso pode lhe parecer uma repetição sem desafio.

Ao contrário, se ele olhar com cuidado, ele pode tratar em São Paulo de quase todos os temas nacionais e abrir o caminho para o sonho presidencial. Ou seja, tem que fazer uma administração nova, exuberante, com metas desafiadoras, que o qualifique naturalmente para ser presidente da República.

Creio que ele está pensando nisso. E está mais próximo de São Paulo do que de Brasília, atualmente. A ver.

As decisões constroem a vida. José Serra deveria ter optado por mais um mandato como governador e concluído um grande governo, e não disputado a eleição com Lula. Pois, Dilma, naquele momento era Lula. Na eleição seguinte, provavelmente, tendo feito um governo disruptivo e qualificado, teria vencido daí sim a candidata Dilma. Se FHC não tivesse escolhido o caminho da reeleição, teria voltado posteriormente e não ficaria na mão do Congresso com o instituto da reeleição. Que não foi bom em si.

Decisões são o momento mais relevante para os políticos.

A bola está com Alckmin. Ele tem a sagacidade interiorana e a paciência mineira, está tendo tempo para reflexão. A sua sorte está sendo lançada.

Alckmin depende de Alckmin.