Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Kassab não quer Lula já, quer Lula dependente, depois
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Kassab não vai entrar na de Lula agora.
Ele quer construir o maior partido do Brasil, ter a maior bancada tanto na Câmara como no Senado, ter um grupo de governadores eleitos, que não serão muitos, porém servem como base regional.
Kassab entende que o União Brasil está fazendo qualquer aliança nos estados se amoldando a qualquer suserano, e não vai ser páreo. Que o PT vai crescer, mas menos do que o esperado, porque está se entregando a todas as conveniências da candidatura de Lula, que nem sempre é o melhor para o PT, por isso, o PSD vai ser majoritário e absolutamente necessário para qualquer presidente eleito.
Qual é o presidente, em um regime de presidencialismo de coalizão, que poderá prescindir de um partido com mais de 70 deputados federais, talvez alcance 75 nos melhores prognósticos, e com uma bancada prevista de 15 senadores? Ninguém.
Esta é o cálculo que Kassab, que não é papalvo, faz. Ele aprendeu a calcular na Poli e na FEA.
Sabe que essa onda que o PT disseminou de querer Kassab agora é uma forma de Lula criar uma avalanche, uma blitzkrieg, uma onda de vitória irreversível de sua candidatura, de modo que a maioria, que ainda não se definiu, caia para o lado lulista do quintal. Quem sabe, sabe. Kassab sabe.
Kassab está criando um novo PFL dos tempos de Inocêncio, ACM e Marco Maciel, um superpartido que pairará acima do Centrão. Se vai conseguir, o tempo dirá.
Kassab é o arquiteto político com mais urdidura e eficácia, no momento, independentemente do gosto do freguês com relação a sua figura política. Realidade é uma coisa, gosto, outra.
E trabalha nisso com a dedicação de Flaubert, que levou cinco anos diuturnamente para escrever Madame Bovary. A transpiração é essencial em qualquer obra, só talento não constrói grandes pirâmides.
Ele está mirando mais acima do que a jornada de "uma candidatura única contra Bolsonaro", que Lula deseja tecer. Lula é astuto, Kassab sagaz. O jogo é mais profundo do que se pensa.
Se Kassab adere agora, será mais um sob o lulopetismo, sem destaque, se Lula for eleito, ou qualquer outro, vai precisar conversar com Kassab na outra ponta da mesa em outras condições.
Kassab vai escolher: valer 100 agora ou 500 depois? É um jogo de "juros políticos".
Juro é uma preferência intertemporal. Se o cidadão tem paciência de poupar e comprar à vista depois, vai lucrar mais. Essa conta Kassab faz como ninguém. Se o sujeito quer o Poder, desde já, como Paulinho, paga um juro maior.
Kassab tem a experiência de quem colocou a barriga no balcão.
Esse jogo não vai se dar como Lula quer, este vai compreender logo logo, que a sua blitzkrieg para ganhar a eleição antes de outubro, pela coalizão de forças, tem limites. Na política não tem bobo, não tem inocente, nem independente.
Kassab sempre faz um hedge (seguro): Na política nada é impossível. Deixando em aberto uma fresta, caso precise de uma saída pela esquerda, como o leão da montanha.
Porém, o destino é outro, Kassab vislumbra se tornar um ACM gentil; misturado com um Inocêncio, letrado e com todo o tempero de um Marco Maciel, seu ícone maior.
Lula está criando um lulismo eleitoral, que parte do princípio de que é melhor derrotar Bolsonaro logo para acordarmos do pesadelo.
Tem algum sentido, porque Bolsonaro se esforça para a aversão a ele mitar. Nunca ninguém foi tão rejeitado, embora com cerca de 20% do eleitorado cativo.
Só que a política atual não é um jogo de um só time. Kassab vai entrar em campo para ser a terceira via, depois das eleições. A ver.
Ele e o PSD continuam a dever ao Brasil um Plano Nacional de Desenvolvimento, um conteúdo para tanta costura política. Mas, isso pode atrapalhar os planos de Kassab.
Crescer partidariamente no Brasil, infelizmente, é não ter ideologia ou ter todas, uma miríade, para contentar a todos. É o erro do sistema partidário que vivemos.
Kassab soube explorá-lo. O PFL e o MDB dos respectivos áureos tempos eram partidos ônibus onde cabiam todos, e vez por outra havia um freio de arrumação
Isso é um dos motivos principais por patinarmos tanto no desenvolvimento e na distribuição de renda, e agora, estarmos há 16 anos crescendo menos do que o mundo.
O país do futuro é pior do que o do presente.
A culpa é só dos políticos ou da interação de todos nós, interação que sustenta tal status quo?
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.