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Moro vai buscar Doria
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Em que pese a convicção de Renata Abreu do PODEMOS, comandante-em-chefe da campanha política de Sérgio Moro, de que este alcançará 15% até abril, e isso ser possível, para continuar a crescer e se colocar com possibilidade de tirar Bolsonaro do segundo turno, Moro precisa de Doria.
A vantagem de Moro é que Doria também necessita de Moro. Para não restar sem cargo na política, o que ocorreria com o insucesso de sua candidatura à presidência.
Moro pode contar ainda com fatos supervenientes, que sempre acontecem nas campanhas, sobretudo em caso como em 2022 onde há um alto grau de repulsa entre si, dos 3 principais candidatos. Nesse caso, Moro fica a depender de uma fato provável, mas aleatório, que pode ou não sorrir para ele. Também poderá ser melhor para outro candidato.
Moro e Doria já definiram que irão caminhar juntos. Voltam a tratar disso em abril. A aliança numa mesma chapa não foi fechada, mas ficou no ar com forte aroma.
O lado positivo para eles é a junção do nome de Moro, capaz de ter mais apelo eleitoral do que Doria, como mostram as pesquisas. Doria é mais operativo e determinado.
A dificuldade é Doria ter humildade de aceitar ser vice, pois o contrário torna-se insensato. Quem tem mais, ceder para quem tem menos.
O lado negativo é que Moro e Doria não são vistos pelo mercado eleitoral como uma terceira via. Pelo viés liberal e pelas posições conservadoras, ambos surgem para os eleitores como uma primeira via do B.
Seriam um conservadorismo sem Bolsonaro. É o que dizem as pesquisas qualitativas. Ambos têm dificuldade de penetrar no eleitorado de centro-esquerda politizado, e provocam mais probabilidades de roubar votos de Bolsonaro do que de Lula.
Moro tem cobranças sérias e reais: a forma como se conduziu além da fronteira legal na Lava Jato, as mensagens no Telegram, que ele não consegue desmentir.
Aliás, nunca o fez, se escondendo atrás da prova ilegal, que é o mesmo argumento que empresários que foram flagrados na Operação Castelo de Areia e, agora, na Lava Jato, o fizeram.
Ou seja, ele usa o mesmo artifício de seus alvos na LJ, de desqualificar evidências pela ilegalidade, não pela negação da veracidade, Moro também não tem apelo para formar base no Congresso e oferecer estabilidade para a sociedade, cansada de incertezas e do controle do Centrão, com quem Moro vai ter que dialogar. Conversa difícil.
É um caminho sem iluminação: a saída frágil de Moro, na linha "eu acredito no diálogo", que faz parte dessas desculpas genéricas mágicas com as quais candidatos evitam se confrontarem com a realidade, não convence. E a imprensa aperta pouco nesse sentido, assim também como faz com os outros candidatos.
Doria não conquistou uma base eleitoral substancial, para quem foi governador de SP e protagonista da vacina. Alguma coisa pega. Ele acredita poder reverter até abril, maio, período máximo que pode postergar a conversa com Moro.
Moro está mobilizando a direita arrependida com Bolsonaro, mas sabe que precisa da operacionalidade de Doria. Seus aliados principais reconhecem isso, sem hesitação.
Moro está fazendo o trabalho que pode, se mexendo mais do que o esperado para um neófito, todavia sabe que precisará buscar Doria para se tornar um candidato viável, antes de julho.
E vai fazê-lo. .Resta saber aonde irão Simone Tebet e Rodrigo Pacheco, até quando sustentarão as candidaturas à presidência, sendo que na verdade têm potencial para serem bons vice-presidentes. Gostem ou não.
Ciro Gomes se mantém na insana postura de tentar de novo, do mesmo jeito que deu errado várias vezes, acreditando que o resultado será diferente.
Com Lula impedindo seu crescimento na centro-esquerda, eleitorado que lhe cairia perfeito para o programa articulado que tem. Mas, o candidato não é fácil, infelizmente, para quem é de centro-esquerda. Nessas condições de temperatura e pressão, Ciro ajuda Lula a vencer no primeiro turno ou fornece votos para Moro, de quem esquece a ideologia e é Nem-Nem.
Moro vai buscar Doria. É preciso saber se Doria o atenderá.
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