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José Luiz Portella

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula vai desencadear a operação primeiro turno

Colunista do UOL

26/01/2022 09h56

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Sob a pressão do favoritismo exalado pelo aroma das pesquisas, impulsionado pelo medo de perder uma eleição que parece ganha, Lula vai proceder uma série de ações para liquidar o pleito no primeiro turno.

Lula, apesar de não aparentar em discursos, receia que uma terceira via vinda dos Nem-Nem possa surgir às portas da eleição, ganhar a inércia de movimento que Bolsonaro adquiriu em 2018, e ele não possa fazer nada, diante da realidade de uma nova onda eleitoral. Energia eleitoral, tendo uma faísca, é irreversível.

Na metáfora futebolística, Lula teme que o jogo "vire". Teme a virada do adversário.

Na prática, ele não pensa que será Moro, a quem atribui baixa capacidade de crescimento, mas aflige-se com alguém inesperado como Simone Tebet, que adquira respaldo na sociedade.

É difícil, mas pode acontecer. E Lula não quer perder um jogo que as pesquisas apontam como praticamente ganho.

Lula sabe que tem muitas pontas desamarradas e, ao optar por não tomar a "vacina Duda Mendonça" de antecipar as discussões e cometer a respectiva versão, com medo de atrair para si o foco da revolta alheia, ele aposta contra o tempo. As ambiguidades e controvérsias emergiriam a tempo?

Lula conta com Bolsonaro para se manter no topo da intenção de votos, Bolsonaro com o seu "farol olavista" e todos os absurdos que comete sem cessar.

Se os bolsonaristas trocassem Bolsonaro por outro candidato, Lula encolheria com celeridade. O fanatismo impede o discernimento.

O que Lula vai fazer?

Ele vai se aproximar de lideranças notáveis, de fora do PT, para dar o signo de "União Nacional" e de que governará além do PT. Ele até poderia fazer isso no governo, todavia não o fará. Não se livra dos companheiros tão fácil. Nem da forma do PT proceder, visto que nunca assumiu as culpas pelos erros cometidos. Gleisi é a comprovação.

Lula não buscará um programa comum, embora vá falar nisso, o que será mais uma conversa de campanha, genérica e imprecisa. Alckmin fez parte dessa estratégia, embora o motivo mais forte tenha sido abrir campo para Haddad. Lula é ambicioso e quer uma vitória espetacular, ele em Brasília, Haddad em São Paulo. Seria a consagração do PT. Não será fácil. São Paulo resiste ao PT.

Ele vai procurar uma foto, um aperto de mão, para que o eleitorado, que ainda não conquistou ou diz que vota nele, mas está indeciso; a espera de possível terceira via, e que tal eleitor entenda que é melhor findar o pesadelo Bolsonaro, no primeiro turno.

Lula seguirá em busca de imagens. No marketing das aparências das redes sociais, que substituiu o marketing do invólucro de Duda Mendonça. Que consistia em colocar uma embalagem de gosto da opinião pública sem se preocupar com o conteúdo existente. No fundo, tudo é aparência. Mas, de modo diferente. O marketing das imagens está mais adequado ao TikTok e ao Instagram atual. Duda forjava uma história, agora uma foto basta, ninguém quer muita explicação.

Além das imagens, Lula perseguirá ações que o coloquem além do PT.

Bolsonaro não ganha de Lula, Moro parece que também não, está com mais incógnitas do que equações.

Rodrigo Pacheco é inapetente. Quem tem vontade é Simone Tebet, que corre atrás do tempo perdido, e da falta de uma qualificação como gestora pública. Tasso está tentando levantá-la.

Mas, Lula, cauteloso ou medroso, não quer dar vaza par o outro trucar.

Vai se jogar fortemente no projeto "primeiro turno". O seguro feneceu de velho.

Lula é um jogador competitivo, esperto e pragmático.

Resta saber como os outros vão reagir.

O primeiro turno é a meta de Lula.