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Bolsonaro manipula e tira Jefferson das redes e das manchetes
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A tentativa de homicídio de quatro agentes da Polícia Federal por Roberto Jefferson, fiel escudeiro de Bolsonaro, provocou 60% mais citações no Twitter do que a conquista da Copa do Brasil pelo Flamengo três dias antes. Foi um estouro de audiência e um desastre para a campanha bolsonarista - mas não por muito tempo. Bolsonaro conseguiu desviar a atenção das redes e da mídia para um factoide. De cúmplice, virou vítima.
Jefferson mal havia se acomodado em sua nova cela em Bangu 8 quando uma manobra diversionista da campanha de Bolsonaro roubou-lhe a cena. Uma história mal contada sobre inserções da campanha de Bolsonaro que não teriam sido veiculadas em algumas rádios virou, em dois dias, um assunto três vezes mais comentado no Twitter do que o atentado cometido por Jefferson contra os policiais e contra a democracia.
- De 1,6 milhão de citações (Twitter) no domingo, Jefferson caiu para 57 mil na quarta-feira.
- Ao mesmo tempo, as citações ao Tribunal Superior Eleitoral e ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, cresceram três vezes e bateram recorde: 843 mil citações nesta quarta-feira à tarde.
- Os dados foram coletados pela consultoria Arquimedes.
Não foi só no Twitter. Nesta quarta-feira, Jefferson perdeu as manchetes para a manobra de Bolsonaro. Com insinuações, meias verdades e ameaças, a campanha bolsonarista tentou envolver o TSE e o PT na história - embora nem um nem outro tenham nada a ver com ela.
Segundo a resolução 23.620 do TSE:
- É responsabilidade exclusiva nas emissoras de rádio e TV obterem o material de campanha a ser inserido na programação.
Ou seja, a Justiça eleitoral e outros partidos não têm nada a ver com isso.
Mais:
- É responsabilidade exclusiva dos partidos políticos e das coligações fiscalizar a veiculação da propaganda.
- Só as emissoras e seus representantes estão sujeitos a sanções em caso de não cumprirem as inserções corretamente.
Apenas a mais incompetente das campanhas eleitorais não contrataria empresas especializadas para monitorar diariamente a correta veiculação de sua propaganda. Os relatórios dessas empresas são enviados todo dia para dar tempo de, em caso de problemas, a campanha agir logo (não depois de semanas, como a de Bolsonaro).
Se a campanha de Bolsonaro não agiu quando deveria, só há duas hipóteses: 1) foi amadora e incompetente; ou 2) agiu de má fé.
Tudo isso acontece quando as pesquisas de intenção de voto mostram um favoritismo estável de Lula para vencer a eleição domingo. Além de desviar as atenções do público do atentando violento cometido por um seu aliado muito próximo, Bolsonaro prepara uma desculpa para sua eventual derrota. Não importa que venha a ser por sua única e exclusiva incompetência, ele sempre vai culpar outras pessoas e instituições.
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