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Ministra da Saúde virou alvo por causa de emendas represadas

Jabuti não sobe em árvore. Se tem um trepado lá é por que alguém colocou. Em março, começou um tiroteio contra a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A origem era o Congresso, mas a pressão foi crescente. Até Lula cobrou a ministra em reunião ministerial por causa da crise em hospitais federais no Rio de Janeiro e da epidemia de dengue. Mas as causas do tiroteio tinham pouco a ver com saúde pública. O motivo era o mesmo de sempre, dinheiro.

Nada menos do que 93% das emendas parlamentares ao Orçamento da União liberadas pelo governo são de verbas do Ministério da Saúde. E quase todo esse dinheiro (94%) vem de emendas fundo a fundo, ou seja, repasses do governo federal para a conta de uma prefeitura ou governo estadual, que distribui a grana como quer, sem muito controle externo. Basta um relatório anual.

Foram R$ 7,6 bilhões de reais empenhados pelo Ministério da Saúde de emendas individuais de deputados e senadores nessa modalidade fundo a fundo em apenas duas semanas. A decisão de liberar não é só da ministra. Outros membros do governo participam do processo, principalmente seu articulador político, o ministro Alexandre Padilha - ele também, alvo de reclamações, principalmente do presidente da Câmara, Arthur Lira.

A execução das emendas parlamentares é obrigatória, mas o governo controla o fluxo das liberações. Faz isso conforme suas conveniências, para azeitar a votação de algum projeto de lei de seu interesse, por exemplo. E pode liberar mais rapidamente as emendas de um partido do que de outro. Liberou, por ora, no Ministério da Saúde:

  • 74% das emendas individuais de parlamentares do União Brasil;
  • 71% das do PSD de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado;
  • 62% das do PP de Arthur Lira;
  • 58% das do PL de Jair Bolsonaro;
  • 56% das do PT de Lula;
  • 20% das do Novo;
  • 12% das do PSOL.

Como se vê, a lógica de liberação não tem nada a ver com identidade ideológica ou governismo. Partidos símbolos do fisiologismo foram mais beneficiados do que os que ajudaram a eleger Lula. Vale a máxima do violino: o poder se toma com a esquerda, mas se toca com a direita.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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