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Brasil pede e Venezuela evita invasão de embaixada argentina

Logo após o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela dar vitória a Nicolás Maduro mesmo antes de a apuração estar concluída, os presidentes venezuelano e argentino começaram uma troca de insultos. A crise foi parar nas ruas de Caracas, com chavistas ameaçando invadir a representação diplomática da Argentina. O governo brasileiro interveio nos bastidores para tentar evitar que o conflito verbal se transformasse em invasão e violência.

Deu certo. Por enquanto. Esse é só um dos sinais de volatilidade da situação e como ela pode se agravar rapidamente.

O embaixador Celso Amorim, assessor especial de Lula, estava em Caracas acompanhando as eleições no país vizinho quando foi informado de que uma multidão de chavistas protestava diante da embaixada da Argentina em Caracas. Ameaçavam invadir o prédio. Além da violência do ato em si, seria uma escalada grave na crise diplomática que ameaça desestabilizar a América do Sul.

Amorim, que tenta manter canais de conversação abertos tanto com o chavismo quanto com a oposição venezuelana, entrou em contato com representantes do governo de Maduro e pediu que interviessem —a despeito de Milei desrespeitar o governo Lula. Funcionou. Os manifestantes saíram da frente da representação diplomática, ao menos temporariamente. O desfecho provisório mostra, implicitamente, quem manda nas ruas de Caracas e a extensão do poder de chantagem dos ocupantes do Palácio Miraflores.

As desavenças do governo argentino com o venezuelano se intensificaram após a eleição do direitista Javier Milei, que trata o governo chavista por ditadura comunista. Mas os problemas vêm desde antes. Ainda no governo de Alberto Fernandéz, um avião comercial da Venezuela foi arrestado no aeroporto de Buenos Aires a pedido do governo dos EUA.

Era um Boeing 747-300, de fabricação norte-americana, que havia sido vendido por uma empresa aérea iraniana para uma venezuelana. Ambas eram acusadas de favorecer o terrorismo e sofrem sanções do governo dos EUA. A crise escalou:

O avião ficou retido por dois anos em Buenos Aires;

Em fevereiro de 2024, o governo Milei mandou o Boeing para os EUA;

No mês seguinte, Madurou acusou Milei de roubo e fechou o tráfego de aeronaves argentinas sobre a Venezuela.

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Após a eleição de domingo em que os responsáveis pelo processo eleitoral não apresentaram os boletins de urna para serem verificados, o conflito verbal entre os presidentes argentino e venezuelano se agravou:

Javier Milei tuitou "Fora, ditador Maduro";

Maduro respondeu em discurso chamando Milei de sádico e covarde.

A crise tende a se agravar após a expulsão de diplomatas de sete países latino-americanos que contestaram a reeleição de Maduro. Além da Argentina, foram expulsos representantes do Uruguai, Chile, Equador, República Dominicana, Costa Rica e Panamá. A Venezuela já não tinha relações diplomáticas com os EUA.

Sobraram apenas Brasil, Colômbia e México como mediadores da crise. O governo brasileiro foi instado pelos EUA e por países europeus, como a Noruega, a sustentar o papel de intermediário com canais de negociação abertos com o governo e com a oposição venezuelana. Mas o custo político para Lula é cada vez maior.

Internamente, o presidente sofre críticas crescentes por não se opor mais fortemente ao governo Maduro. A decisão da direção do PT que reconhecer a vitória do presidente venezuelano só agravou a percepção de leniência de Lula, embora partido e governo sejam entidades diferentes. O problema é que a alternativa à conversação com Maduro é ainda pior.

Acuado e isolado, Maduro se tornaria ainda mais imprevisível. Tanto pode vir a cumprir a ameaça de invadir a Guiana para tomar o território petrolífero de Essequibo do país vizinho quanto pode aumentar a violência da repressão a seus opositores internos e deflagrar uma guerra civil.

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Em ambos os casos, o Brasil teria um conflito armado em suas fronteiras, com crise de refugiados pressionando ainda mais os estados fronteiriços, como Roraima. Estima-se que já haja pelo menos meio milhão de venezuelanos em território brasileiro. Não por acaso, Roraima é o mais bolsonarista estado do Brasil.

Seria um sonho para Bolsonaro ver a crise imigratória em Roraima se espalhar pelo resto país.

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Veja abaixo o programa na íntegra:

Reportagem

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