No 7 de setembro, Bolsonaro perdeu para Lula e até para ele mesmo
A manifestação bolsonarista realizada no dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, demonstrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro perdeu para Lula e até para ele mesmo, afirmou o colunista José Roberto de Toledo no Análise da Notícia desta quarta (11).
Toledo exemplificou com dados de um levantamento feito pela consultoria Palver que demonstra como Bolsonaro perdeu espaço para Lula nas plataformas de mídia.
Eu fui ver no 7 e no 8 de setembro, até dei uma colher de chá para o Bolsonaro, porque às vezes a repercussão é maior no dia seguinte do que no próprio dia da manifestação e fui comparar as menções ao Bolsonaro e ao Lula.
No 7 de setembro e no 8 de setembro, o Bolsonaro ganhou do Lula no TikTok por uma margem estreita. Ganhou no X, mas ganhar no X depois da suspensão do X pelo Supremo Tribunal Federal não quer dizer nada, porque só sobrou a direita lá no X e está com 20% do volume, não é grande vantagem você ganhar num lugar onde só tem correligionário. Empatou com o Lula no Telegram e empatou no YouTube que é o resultado mais significativo e perdeu no WhatsApp, nos jornais online, nos jornais impressos, no rádio e na televisão.
José Roberto de Toledo, colunista do UOL
Toledo destaca que os dados demonstram que Bolsonaro não ganha de Lula desde a última eleição presidencial.
Isso é significativo, é muito significativo, porque o Bolsonaro não ganha do Lula faz muito tempo, praticamente desde que o Lula assumiu, tirando um evento excepcional ou outro, em geral de noticiário negativo para o Bolsonaro. O Lula está dando um banho no Bolsonaro em todas essas plataformas e o 7 de setembro é tradicionalmente, tirando a eleição, o momento de maior projeção do Bolsonaro. Então, assim, ele perdeu para o principal adversário durante o dia que ele praticamente privatizou.
Eu fui comparar com o Google Trends o Bolsonaro com ele mesmo. E aí é meio devastador o que a gente vê lá, porque comparando com os últimos cinco anos, ou seja, os últimos cinco 7 de setembro, o Bolsonaro teve 50% a menos do que ele teve de buscas pelo nome dele esse ano do que o ano passado, já perdeu 50% em relação a ele mesmo no ano passado.
Só que se você compara com o 2021, que 2021, vamos lembrar, 7 de setembro de 2021, foi aquela bagunça generalizada, greve de caminhoneiro, manifestações organizadas pelos golpistas em 140 cidades do Brasil, ameaça de golpe ao vivo em cores na porta de quartel, foi o auge da tentativa de golpe do Bolsonaro. Ele foi tão longe que precisou recuar, lembra, chamou o Temer para mediar aquela saída lá, para não sofrer retaliação criminal do Alexandre de Moraes. Enfim, comparando com o 7 de setembro de 2021, esse 7 de setembro de 2024 despertou 10% da curiosidade. 10%, virou um péssimo.
José Roberto de Toledo, colunista do UOL
Segundo Toledo, o poder de mobilização do ex-presidente Jair Bolsonaro é decadente.
Eu vejo da seguinte maneira: o poder de mobilização do Bolsonaro é decadente, claramente, é só contar o número de cabeças ali presentes. E estava um dia de sol exuberante, climaticamente, não tinha nenhum motivo para as pessoas não irem. Segundo, mobilizou não muitas figuras públicas, e quem foi não falou ou foi o mais discreto possível, que nem o Tarcísio, que ficou lá de papagaio de pirata com uma camiseta que não era nem amarela, era verde. Para você ter uma ideia, o candidato do PRTB de Marília era o papagaio de pirata atrás do Bolsonaro. Quer dizer não é que estava cheio de personalidades de primeiro time ali, entendeu?
José Roberto de Toledo, colunista do UOL
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