Crianças sofrem o triplo de ofensas na internet do que pensam seus pais
As crianças e os adolescentes sofrem o triplo de ofensas na internet do que pensam seus pais e responsáveis, afirmou o colunista José Roberto de Toledo no Análise da Notícia desta quarta-feira (23). Os dados são da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024 feita com crianças e adolescentes entre 9 e 15 anos e os seus responsáveis.
O aspecto que eu queria chamar atenção é esse contraste entre os perrengues que as crianças e os adolescentes sofrem utilizando a internet e aquilo que os pais ou responsáveis pensam que ela sofre. E o contraste é muito grande. Eu diria que é o triplo, é 3,6 vezes para ser preciso, pior do que os responsáveis imaginam que é.
Porque na pesquisa com os responsáveis, foi perguntado se os responsáveis achavam que a criança ou adolescente tinha vivido alguma situação incômoda na internet. Incômodo é um termo bastante amplo, pode ser desde assédio até perseguição, passando por ofensas, qualquer tipo de incômodo. E apenas 8% dos responsáveis, pais em geral, disseram que seus filhos, as crianças pelas quais eles são responsáveis, acreditavam que tinham passado ou vivenciado alguma situação incômoda na internet.
Toledo destacou que o contraste nas respostas quando a mesma pergunta foi feita para crianças e adolescentes.
E aí os entrevistadores perguntaram para as crianças e para os adolescentes entre 9 e 17 anos se eles tinham vivenciado alguma experiência ruim, desagradável na internet. E 29% reportaram ter passado por situações de ofensa, alguma situação que eles não gostaram ou que se chatearam navegando na internet.
O que choca é a ilusão dos responsáveis de que a internet não traz nenhum problema. Só 8% acham que as crianças pelas quais eles são responsáveis passaram por alguma situação incômoda na internet. 77% dos responsáveis dizem que a criança ou adolescente usa a internet com segurança. Mas aí quando você pergunta para as crianças, 29%, ou seja, 3 em cada 10, dizem que já se chatearam, já foram assediados ou já sofreram algum tipo de ofensa, ou de situações que elas não gostaram.
Segundo Toledo, a pesquisa também mostrou que apenas 31% das crianças e adolescentes relataram aos pais ou responsáveis as ofensas que sofrem na internet.
Perguntaram também para as crianças e adolescentes quando elas passaram por uma situação ofensiva, o que elas fizeram? E só 31% relataram isso para os pais ou para os responsáveis. E está aí a diferença, né? É exatamente isso. Quer dizer, os pais, não é que eles estejam cegos para o problema, eles não ouvem dos filhos as reclamações. Eles estão vendo menos de um terço das reclamações dos problemas que acontecem na internet. Por isso, essa falsa impressão diz que é mais seguro e mais confortável e menos ofensivo do que eles acham.
José Roberto de Toledo, colunista do UOL.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
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Veja abaixo o programa na íntegra:
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