Eleitor está pragmático e cansado de pautas identitárias, diz economista
O resultado das eleições nos Estados Unidos mostrou que os eleitores estão mais pragmáticos, conversadores e cansados de pautas identitárias, avaliou a economista Monica de Bolle no Análise da Notícia desta quarta-feira (6).
Eu acho que o grande problema foi precisamente essa confusão toda que existe em torno dessas pautas identitárias que muita gente aqui nos Estados Unidos, democratas e republicanos, já não estão mais a fim de discutir. Então eu acho que as pessoas estão cansadas. Aquilo que realmente está cansando o eleitor são as brigas identitárias e coisas desse tipo que, no final das contas, não tem nenhuma relevância para o dia a dia das pessoas.
Elas querem segurança, querem ter empregos, querem poder navegar com pouca incerteza, inflação gera incerteza. Então, que inflação durante o governo Biden veio devido à pandemia é verdade, mas ainda assim essa experiência inflacionária que os Estados Unidos não tinham há muito tempo, essa experiência foi marcante para as pessoas.
Monica de Bolle, economista
A economista afirmou os candidatos que irão concorrer nas eleições de 2026 no Brasil devem apresentar propostas que a população possa confiar e reconhecer o viés conservador dos eleitores.
O Brasil tem dois anos até as eleições, em 2026. O Brasil é o Brasil, os Estados Unidos são os Estados Unidos, os contextos são diferentes, os problemas são diferentes, as sociedades são diferentes, tem muita diferença. Mas tem algumas coisas em comum e que a gente vê com clareza. E eu acho que uma coisa em comum, que para mim tá gritante aqui nos Estados Unidos e no Brasil, é o desconforto da sociedade com essa história dessas pautas identitárias.
Há um desconforto muito grande, essa é a realidade. As pessoas não querem ouvir sobre pauta identitária, as pessoas querem saber como elas vão viver a vida delas. Então, se o candidato ou candidatos de 2026 que quiserem apresentar um centro de gravidade política condizente com o centro, seja esse centro um pouco mais à direita, um pouco mais à esquerda, não importa, se esses candidatos não fizeram o trabalho de apresentar alternativas em que a população possa confiar, já que a população tem um viés conservador e ela tem, não adianta a gente querer fugir disso.
No Brasil e nos Estados Unidos o que vai acontecer é que, de novo, o Brasil vai desperdiçar dois anos e daqui a dois anos a extrema-direita volta ao poder, porque hoje a extrema-direita no Brasil já se reconfigurou e tem uma cara que vai além e transcende o bolsonarismo 'clássico'.
Monica de Bolle, economista
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