Além de evitar brigas erradas, Paulo Guedes precisa concluir brigas certas
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O ministro Paulo Guedes faz muito bem em se reposicionar no palco, desculpando-se por ter chamado servidores públicos de parasitas a granel, sem fazer distinções. Mas o Posto Ipiranga faria muito melhor se aplicasse o talento para formular desculpas à elaboração de discursos que façam jus à sua propalada inteligência. Cada vez que o titular da pasta da Economia dá uma de ministro em loja de louças provoca uma enorme inquietação.
Qualquer criança de cinco anos sabe que, no meio de uma batalha legislativa, um governo deve buscar aliados e evitar brigas. Numa hora em que começa a ganhar fôlego o debate sobre reforma administrativa, um ministro que se expressa como se desejasse ver o sangue de servidores antigos não faz senão fornecer munição aos adversários da mudança. Se esse ministro ainda não levou à vitrine uma proposta de reforma, ele arma os inimigos antes de equipar sua própria infantaria. Além de evitar as brigas erradas, Paulo Guedes precisa concluir as brigas certas.
Pouco antes de tomar posse como superministro da Economia, Paulo Guedes ameaçou submeter o peleguismo sindical do patronato a um inédito desmame. Discursando para uma plateia de empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, o ministro falou grosso. Ele disse que "o Brasil, um país rico, virou um paraíso de burocratas e piratas privados". Perguntou: "A CUT perde [com o fim do imposto sindical] e aqui fica tudo igual?" Paulo Guedes foi ao ponto: "Tem que meter a faca no Sistema S também." Ficou no gogó.
Dias atrás, Jair Bolsonaro visitou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a poderosa Fiesp. Trocou chamegos verbais com o presidente da entidade, Paulo Skaf —um personagem que compõe o rol da má fama dos líderes corporativos que se escoram nas caixas registradoras do Sistema S. As pessoas se perguntam: cadê a faca do Paulo Guedes? Se é para brigar, convém selecionar adequadamente os parasitas.
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