Militares e centrão se juntam na UTI por Bolsonaro
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O coronavírus e a conversão de Sergio Moro em delator alteraram dramaticamente as prioridades de Jair Bolsonaro. Antes, ele planejava tirar a economia do atoleiro e se reeleger. Agora, se esforça para não cair e passar a impressão de que ainda comanda.
Para alcançar esses dois novos objetivos estratégicos, Bolsonaro promove um encontro constrangedor. Ele junta a castidade presumida dos militares e o gangsterismo político do centrão na UTI em que se encontra o seu governo.
Os militares ficam com Bolsonaro por acreditar que a tarefa que se autoatribuíram de presidir o presidente virou um imperativo patriótico. A frequência com que Bolsonaro fabrica crises revela que os generais do Planalto perdem a guerra.
O centrão encosta seu código de barras no Planalto porque identificou no apodrecimento do governo uma nova oportunidade para reassegurar que as verbas do Tesouro Nacional continuarão saindo pelo ladrão.
Bolsonaro e seus filhos viraram matéria-prima para investigação. O mandato do capitão pode ser questionado num pedido de impeachment (há 24 deles na Câmara) ou num processo criminal a ser julgado no Supremo (há três inquéritos abertos).
O centrão passou a ser vital para Bolsonaro nas duas hipóteses. Recompensados com cargos e verbas, podem ajudar a enterrar pedidos de impeachment ou negar autorização para que o Supremo julgue eventuais denúncias da Procuradoria-Geral da República contra o presidente.
Bolsonaro flerta com os corruptos do centrão há meses. Ironicamente, coube a Sergio Moro, ex-algoz de larápios na Lava Jato, dar o empurrão que pode consolidar o casamento.
Eleito numa campanha em que se enrolou na bandeira da Lava Jato, Bolsonaro já não pode dizer "desta água não beberei". Insinua que vai ferver antes. O diabo é que as demandas do centrão, mesmo que levadas à chaleira, dificilmente sairão do processo purificadas. Os germes sobrevivem às altas temperaturas.
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