Clã Bolsonaro fez da rachadinha holding familiar
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Notícia da revista Época potencializa a impressão de que Jair Bolsonaro comanda uma organização familiar. Essa organização explorou durante quase três décadas uma espécie de holding da rachadinha, com filiais nos gabinetes do próprio Bolsonaro e dos filhos Flávio e Carlos. De um total de 286 funcionários, pelo menos 39 eram fantasmas. Juntos, receberam R$ 29,5 milhões em valores atualizados.
Houve um tempo em que as pessoas interessadas em acompanhar o noticiário político precisavam saber o nome das principais lideranças. Quando os políticos começaram a ser enviados para a cadeia, o brasileiro teve de aprender os nomes dos ministros do Supremo, tendo o cuidado de distinguir as togas que prendem daquelas que abrem as celas. Agora, em plena vigência do regime da filhocracia, é preciso aprender os nomes dos filhos do do presidente da República.
Há o vereador federal Carlos, que se dedica a comprar brigas nas redes sociais; o deputado Eduardo, especialista na defesa de tolices como a volta do AI-5; e o senador Flávio, do departamento de rachadinhas e das conexões milicianas do amigo Fabrício Queiroz. Bolsonaro flutua sobre sua prole com dificuldades para explicar os R$ 89 mil que Queiroz e sua mulher Márcia pingaram na conta da primeira-dama Michelle.
A família convive com um déficit de explicação. Ouvido sobre as despesas familiares que o Ministério Público diz que Queiroz bancou com a verba subtraída dos contracheques de funcionários do seu gabinete, Flávio costuma dizer que tudo não passa de "ilação" de um grupo de promotores interessados em utilizá-lo como escada para atingir o pai. Carlos, sempre tão loquaz, silencia. Um pai convencional tem a pretensão de preparar os filhos para a vida. Bolsonaro quis preparar a vida para os filhos. Ao que parece, espetou a conta no déficit público.
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