Vencedor do debate de SP foi eleitor que dormiu
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No primeiro debate da corrida municipal de São Paulo, os candidatos discorreram sobre os temas com a profundidade de uma poça rasa. Uma formiga atravessaria as ideias dos debatedores com água pelas canelas. Transmitido pela Band, o debate teve um vencedor nítido e inquestionável: o eleitor que foi dormir.
A legislação e a marquetagem dos comitês de campanha ainda vão matar os debates de primeiro turno. É impossível transformar um programa com 11 debatedores numa atração com alguma serventia. Sobretudo com regras que promovem uma igualdade hipotética entre postulantes desiguais.
Cada candidato dispunha de 45 segundos para as respostas. Para réplicas e tréplicas, 30 segundos. E ainda houve quem desperdiçasse tempo nacionalizando a disputa municipal.
Na liderança das pesquisas, Celso Russomanno e Bruno Covas obtiveram maior exposição. Foram mais acionados pelos rivais. Tornaram-se polos do debate. O diabo é que nem sempre souberam aproveitar as oportunidades.
Russomanno, por exemplo, acorrentou-se a Jair Bolsonaro, que ostenta taxa de reprovação de 46% na cidade de São Paulo. "Sou o único candidato que tem amizade com o presidente Bolsonaro", jactou-se. Alguém poderia indagar, à moda Bolsonaro: "E daí?"
Covas evitou vincular-se a João Doria. Mas os adversários cuidaram de encostar o projeto reeleitoral do prefeito na imagem do governador paulista, que amealhou no Datafolha índice de reprovação de 39%.
Digno de nota o desempenho pífio de Jilmar Tatto, o representante do PT. Russomanno e Covas ainda desperdiçaram parte do tempo chutando o petismo. Não se deram conta de que o partido frequenta a disputa na condição de cachorro morto.
Embora Tatto assegurasse que dispõe do apoio de Lula, a divindade petista deve ter apreciado defronte da televisão o desempenho do companheiro Guilherme Boulos, do PSOL, que travou embates com Márcio França, do PSB, com quem disputa o terceiro lugar nas pesquisas.
Se o debate serviu para alguma coisa foi para recordar ao eleitor que o leque de alternativas para 2020 é vasto. Do ponto de vista ideológico, há representantes da esquerda, meia esquerda, um quarto de esquerda, três quartos de esquerda, direita dissimulada, direita de "saco cheio", direita Bolsonaro...
Em termos de figurino, há o bolsonarista, a ex-bolsonarista arrependida, o tucano, o ex-tucano, o esquerdista com mais votos na Oscar Freire do que no Capão Redondo, o franco-atirador, a rede sem peixe... Difícil será diferenciar certos candidatos do candidato certo.
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