Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Fritura de Paulo Guedes evolui para humilhação
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Jair Bolsonaro faz com Paulo Guedes o que fez com Sergio Moro. Depois de engordá-lo com a superstição de que seria superministro, frita-o em sua própria gordura. A exemplo de Moro, Guedes contribui para sua fritura.
Ambos esqueceram de traçar uma fronteira a partir da qual não aceitariam interferências de Bolsonaro. Moro deixou o Ministério da Justiça já bem passado. Guedes foi ficando. E sua fritura passou do ponto. Virou humilhação.
Há duas semanas, ao ser presenteado pelo centrão com a aprovação da autonomia do Banco Central na Câmara, Guedes referiu-se ao projeto como "um sonho", um "avanço institucional extraordinário".
A blindagem do BC contra interferências políticas ainda nem foi sancionada pelo presidente da República e o sonho do ministro da Economia já virou pesadelo. Jair Bolsonaro interveio na Petrobras. E se equipa para "meter o dedo" no setor elétrico.
Obcecado pela reeleição, Bolsonaro já não se preocupa em maneirar. Na equipe econômica, chamam-no de "Dilmo". Com a pandemia a pino e sem vacinas, retirou o populismo do armário.
O presidente move-se como se desejasse colocar uma coleira nos preços dos combustíveis e da conta de luz. O país já viu essa novela. O Tesouro Nacional e o consumidor morrem no final.
Imaginou-se que a ficha de Guedes cairia em meados do ano passado, quando fortaleceu-se no Planalto uma ala dita desenvolvimentista. Em agosto, Guedes disse coisas esquisitas. Por exemplo:
"Os conselheiros do presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levá-lo para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal. O presidente sabe disso. E tem nos apoiado".
O apoio que Guedes imaginava ter desapareceu quando a equipe econômica sugeriu cortar um abono que beneficiava 23 milhões de pessoas para financiar o Renda Brasil.
"Não posso tirar dos pobres para dar para paupérrimos", ralhou Bolsonaro. Agora, o Congresso discute a volta do socorro emergencial da pandemia. Guedes era contra. Foi ignorado pelo presidente. E rala para obter compensações fiscais.
Normalmente, os governantes costumam oscilar entre dois papéis. Nos dois primeiros anos, são maestros de orquestra. De costas para o público, ajustam as contas nacionais.
Nos dois últimos anos, os presidentes viram mestres de bateria, desfilando realizações pela avenida. Sob Bolsonaro, o bumbo soou sem que a sinfonia das reformas tenha sido executada.
O mercado já não enxerga em Guedes potencial para advertir o presidente. Ao contrário. Empresários e operadores financeiros se espantam com a bolsonarização do Posto Ipiranga.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.