Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Capitão derrete Queiroga em semana radioativa
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O cardiologista Marcelo Queiroga tomou posse como ministro da Saúde em 23 de março. Numa de suas primeiras manifestações, o substituto do general Eduardo Pazuello soou alvissareiro. "Vamos deixar de gerar calor, vamos gerar luz", ele disse.
Ainda estalando de novo, com menos de três meses no posto, o ministro já está submetido a um aquecimento equiparável às ondas de calor que fizeram ferver Henrique Mandetta e Nelson Teich, seus dois antecessores médicos.
A semana começou com Bolsonaro cavalgando uma falsa auditoria do TCU para insinuar que o número de mortos da pandemia, avalizado pela pasta da Saúde, estaria inflado.
A semana termina com os preparativos para a participação do presidente numa nova aglomeração infecciosa movida a motocicletas, dessa vez em São Paulo. No intervalo entre a notícia falsa sobre os mortos e o passeio que favorece a elevação das estatísticas, Bolsonaro levou às manchetes pronunciamentos virais.
Neles, equiparou a cloroquina às vacinas, chamadas pelo presidente de "experimentais"; declarou que o que salva vidas é o "tratamento precoce" com remédios ineficazes; e reinaugurou um debate ruinoso que desestimula o uso de máscaras.
Avesso ao calor, Queiroga finge não notar, mas sua reputação de médico sofre um fenômeno chamado na língua inglesa de meltdown. É um termo usado para usinas nucleares cujos reatores explodem, fogem ao controle e derretem tudo ao redor.
Na década de 90, a expressão meltdown foi adotada pelos economistas para descrever a situação terminal de países cujas economias desandavam a ponto de que nada podia ser feito, exceto derreter junto.
A autoridade do ministro Queiroga está derretendo. Como costuma ocorrer num derretimento nuclear, também na crise sanitária do Brasil a pior sensação da combustão provocada por Bolsonaro, espécie de reator da pandemia local, é a de impotência.
Com apenas 11% de sua população vacinada com duas doses e quase meio milhão de mortos, o Brasil assiste ao derretimento do quarto ministro da Saúde da gestão Bolsonaro rezando para não derreter junto com Queiroga.
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