Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Terceira via do tucanato conduz a um imenso atoleiro
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Fora do poder federal há quase duas décadas, o PSDB tem a pretensão de se apresentar aos eleitores na sucessão de 2022 como uma terceira via, um caminho alternativo à polarização entre Lula e Bolsonaro. Mas quem observa à distância a lavagem de roupa suja que movimenta o ninho fica com a impressão de que a avenida oferecida pelos tucanos conduz a um imenso atoleiro.
Em entrevista ao Roda Viva, João Doria chamou Aécio Neves de "covarde" e "pária". E foi chamado por ele de "desqualificado" e "oportunista". O risco que o partido corre é o eleitor que passa não conseguir distinguir quem é quem. Doria acha que Aécio, a quem se refere como "pária dentro do PSDB", deveria deixar o partido.
Há dois anos, em agosto de 2019, Doria achava a mesma coisa. E a Executiva nacional do PSDB, reunida para analisar dois pedidos de expulsão de Aécio, rejeitou ambos de uma tacada. O placar foi de 30 votos a 4.
Em novembro do ano passado, entrevistado pelo mesmo programa Roda Viva que ouviu Doria, Fernando Henrique Cardoso declarou que, se dependesse dele, o tucanato faria uma autocrítica.
O PSDB teve a oportunidade de fazer uma autoanálise quando a biografia do filiado Eduardo Azeredo enferrujou. Nada. A ferrugem avançou sobre as reputações de José Serra e de Aécio Neves. Nem sinal de reação. Até a biografia de Geraldo Alckmin foi oxidada por um enredo de caíxa dois. Ficou por isso mesmo.
Agora, prestes a realizar suas prévias presidenciais, o tucanato arranca as próprias plumas na frente das crianças.
Para Doria, Aécio acovardou-se ao se abster na votação que derrubou o voto impresso na Câmara depois de estimular uma dissidência que levou 44% da bancada do PSDB a votar a favor da obsessão de Bolsonaro.
Para Aécio, Doria soa oportunista porque elegeu-se governador em 2018 cavalgando a logomarca "bolsodoria".
Quando falou em autocrítica, Fernando Henrique não notou. Mas o caso do PSDB não é de autoanálise, mas de autopsia.
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