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Adesão de membros da CPI às emendas orçamentárias virou chacota no Planalto
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Um auxiliar de Bolsonaro carrega na carteira, "ao lado do cartão de crédito", uma cópia da lista de votação no Senado do projeto de resolução que instituiu novas regras para o orçamento federal secreto. Quatro nomes foram sublinhados com caneta hidrocor vermelha: Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA).
Os quatro têm duas coisas em comum: 1) Integraram a ala antigovernista da CPI da Covid. Engrossaram a maioria que aprovou o relatório em que Bolsonaro foi indiciado pela prática de nove crimes; 2) Por adesão ou omissão, ajudaram a manter em funcionamento o balcão em que o presidente compra apoio congressual com verbas do orçamento.
Aprovado na Câmara com folga, o projeto sobre as emendas secretas passou no Senado por uma diferença de míseros dois votos: 34 a 32. Omar, Otto e Rogério votaram a favor. Eliziane faltou à sessão. Se tivessem engrossado a ala que votou contra, teriam provocado a extinção do Pix das emendas, terceirizado por Bolsonaro aos chefões da Câmara e do Senado.
Quando manuseia a lista de votação, o assessor do presidente conta, entre risos, uma piada de português. "O Manuel entrou em alta velocidade numa contramão. Deu de cara com uma patrulha de trânsito. Foi abordado por um guarda: 'Onde o senhor pensa que vai?' E respondeu: 'Bem, seu guarda, eu estava a ire ao cinema. Mas parece que me atrasei. Está todo mundo a voltaire!'."
Em timbre malévolo, o colaborador de Bolsonaro acrescenta que há no Congresso dois tipos de parlamentares. Nada a ver com governo e oposição. "Há os que receberam a cota extra de emendas no escurinho do cinema e os que foram alcançados na contramão pela decisão do Supremo que suspendeu os pagamentos, condicionando-os à publicidade dos nomes dos beneficiários.
O projeto aprovado por deputados e senadores prevê a publicidade. Mas só para o futuro. E abre brechas para que os parlamentares se escondam atrás de laranjas, pois autoriza o relator do Orçamento a receber pedidos de verbas de autoridades como prefeitos e governadores. E até de entidades da sociedade civil. A proposta de lei orçamentária para 2022 já reservou R$ 16,2 bilhões do ano que vem.
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